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  • Polarização política envolvendo publicidade com atriz Sydney Sweeney nos EUA repercute na França
    Aug 16 2025

    Revistas francesas abordam esta semana a polêmica envolvendo uma publicidade estrelada pela atriz norte-americana Sydney Sweeney, que dividiu opiniões, levantando críticas por supostamente ser eugenista e sexista e sendo elogiada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A eugenia foi utilizada pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial e segue a ideia de que existe uma raça superior.

    O alvo das críticas é o nome da campanha feita pela marca de roupas American Eagle, cujo slogan é "Sydney Sweeney Has Great Jeans" (que em tradução literal significa "Sydney Sweeney tem ótimos jeans").

    A frase faz um trocadilho entre o tecido “jeans” e “genes”, que em inglês se refere ao material genético. A pronúncia das duas palavras é muito parecida em inglês.

    Diante da grande repercussão, a revista francesa Nouvel Obs traça um breve perfil da atriz, repassando sua carreira, que inclui produções como a premiada série Euphoria, até o início da polêmica envolvendo a publicidade estrelada por ela.

    Para a l'Obs, “a extrema direita fez dela sua musa, vendo em sua popularidade o sinal da morte da cultura woke e o retorno a uma época em que era possível sexualizar as mulheres sem ser mal visto”.

    No inglês, woke significa literalmente "acordei", sendo o tempo passado do verbo wake. Mas, no contexto atual dos debates sociais, o termo também se refere ao que seria politicamente correto, resumidamente, e é justamente daí que vem a divergência entre esquerda e direita.

    “Adoro o anúncio dela", declarou Donald Trump no início de agosto, cita a revista. Em sua rede social Truth, o presidente escreveu: "O vento mudou bastante de direção. Ser woke é para os perdedores, republicano é o que queremos ser”.

    A Nouvel Obs também lembra que Sweeney, de 27 anos, tem sido alvo constante de hipersexualização ao longo de sua carreira e que “nas redes sociais, seu corpo é comentado e dissecado”.

    Sintoma "das guerras culturais"

    Já a revista L’Express destaca a mobilização que o assunto gerou nas redes sociais, ganhando uma dimensão política, reforçada após a declaração de Donald Trump. Em tom crítico, a publicação francesa traça um paralelo entre o tédio e a hiperexposição atual.

    “Como mostrou um estudo publicado pela Communications Psychology, as pessoas relatam estar cada vez mais entediadas na era digital. A ponto de se apaixonarem por uma figura populista como Donald Trump, por gosto pelo drama. E até se exaltar com um anúncio de jeans”.

    Nesse contexto, o artigo diz que a controvérsia em torno da campanha publicitária foi “o suficiente para causar furor na internet”.

    “Do lado conservador, a atriz é elevada ao patamar de ícone por ter ‘assinado a morte da cultura woke’. Do lado progressista, Sweeney teria se rebaixado ao adotar os códigos do ‘patriarcado’, chegando até mesmo a defender a eugenia. Uma polêmica vazia, mas sintomática das guerras culturais da época”, conclui a publicação.

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  • Estônia teme ser o próximo alvo de Vladimir Putin e reforça defesa na fronteira com a Rússia
    Aug 9 2025

    A Estônia, pequeno Estado báltico onde vive uma minoria pró-Rússia, teme ser o próximo alvo de Vladimir Putin e conta com seus aliados para resistir. A ex-república soviética, hoje membro da União Europeia e da Otan, faz fronteira com a Rússia, cujo vasto território se estende por 11 fusos horários.

    A revista L'Express desta semana conta que a proteção está sendo reforçada na fronteira, do lado estoniano. Grades de ferro impedem a passagem forçada de um veículo, mas não a entrada de um exército, em caso de agressão. Sobretudo, o país se preocupa com a chegada de imigrantes ilegais, o que as autoridades de fronteira acreditam ser uma questão de tempo.

    Vítima de um ciberataque russo em larga escala, em 2007, a Estônia conhece as capacidades de Moscou. A capital Tallinn se prepara para responder a uma possível invasão militar, como aconteceu na Ucrânia.

    Enquanto espera, a Estônia organiza as suas Forças Armadas. O país dispõe de 4.000 militares e 20.000 reservistas. O receio é que, em caso de um cessar-fogo com a Ucrânia, Vladimir Putin passe a olhar para o flanco oriental da Otan, onde os países bálticos são a parte mais vulnerável.

    A Estônia também conta com uma liga paramilitar de defesa, criada em 1918, no momento da independência do país, e que se encarrega da proteção regional em caso de guerra e de certas missões de segurança nas cidades. Ela permite dobrar o número de combatentes do país e tem uma unidade reputada de defesa a ataques cibernéticos. São homens e mulheres prontos a combater voluntariamente por seu país.

    Depois de ter sido incorporada à ex-União Soviética (URSS) em 1940, a Estônia recuperou sua independência em 1991. O país que buscou a neutralidade após a Segunda Guerra, hoje avalia que foi um erro histórico. O engajamento com a Europa e com a Otan vem do desejo de nunca mais ficar isolada.

    A Estônia acredita no desenvolvimento econômico e na prosperidade gerados das relações com os outros países europeus e na proteção da aliança militar atlântica, à qual aderiu em 2004. O que assegura a confiança dos estonianos é o artigo 5 da Otan. Ele diz que uma agressão a um Estado pertencente à aliança é considerada um ataque contra todos e que não ficará sem resposta.

    Juntamente com a Polônia, a Estônia vai investir 5% do PIB em defesa, como pediram os Estados Unidos, cansados de pagar a maior parte da conta pelas ações militares da aliança ocidental. A reafirmação de Washington sobre o engajamento dos Estados Unidos na defesa coletiva da Otan tranquilizou os países dos Balcãs, depois de Donald Trump ter deixado pairar dúvidas sobre a atuação dos EUA na defesa dos europeus.

    A Estônia tem um plano de construir bunkers ao longo da fronteira com a Rússia, já vigiada por câmeras a cada 30 metros e que em breve receberá o reforço de drones. Operações militares conjuntas com os países da Otan permitem a vigilância aérea com uso de caças estrangeiros, incluindo os modelos Rafale franceses.

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  • ‘Imigração seletiva’ poderia solucionar queda histórica de natalidade na França, afirma revista
    Aug 2 2025

    A revista semanal francesa Le Point destaca a queda de natalidade registrada na França no ano passado. Pela primeira vez em 80 anos, o país teve mais mortes do que nascimentos: 651 mil óbitos contra 650 mil nascimentos em 2024. Apoiar a natalidade e incentivar uma “imigração seletiva são os dois principais caminhos a seguir, diz a publicação.

    O texto de Bruno Tertrais, colunista e autor do livro "O choque demográfico" (em tradução livre, sem versão oficial em português), enfatiza que este marco leva a população francesa “rumo ao desconhecido”. Ele estima ser “bastante provável” que o saldo permaneça negativo ao longo de todo o ano de 2025.

    A reportagem enfatiza que mesmo com políticas em prol da natalidade, os efeitos só seriam sentidos por volta de 2050. Por isso, segundo Tertrais, a única solução para a França crescer demograficamente seria por meio da imigração, hoje o principal motor do crescimento populacional. Em 2024, o país acolheu 152 mil novos imigrantes.

    Le Point toca no ponto polêmico da “imigração seletiva” e compara os critérios de entrada de estrangeiros na França com os de seus vizinhos europeus: “A imigração na França é tradicionalmente pouco qualificada”, escreve Tertrais. Para a revista, o “real desafio econômico da imigração é fazer a economia funcionar".

    Seleção de imigrantes deve entrar no debate político

    O colunista defende uma “verdadeira política demográfica” e recorda que o tema constava entre as propostas do atual primeiro-ministro francês, François Bayrou, quando ele ocupou temporariamente o cargo de alto comissário do Planejamento. Durante o período em que esteve nessa função, Bayrou tornou-se um dos assessores mais influentes no Palácio do Eliseu.

    O texto salienta ainda a importância de destacar a temática do “desafio econômico da imigração” durante a campanha eleitoral de 2027, apesar de pontuar que o debate tende a ser polarizado.

    Menor desejo de ter filhos

    A revista também questiona as causas da queda do número de nascimentos, que em 2024 foi de 1,62 por mulher, o índice mais baixo desde a Primeira Guerra Mundial. Segundo Le Point, a infertilidade seria um fator relativamente inexpressivo na equação que resulta nessa diminuição histórica. A causa mais evocada em pesquisas recentes é um menor desejo de ter filhos.

    “A proporção de pessoas que não querem filhos dobrou em 20 anos (de 6% para 12%). Igualmente importante é o desejo de ter pelo menos três filhos: a proporção dos que têm esse objetivo caiu 10 pontos em 20 anos. O 'número ideal' de filhos para os franceses hoje é de apenas 2,3”, estima a publicação semanal.

    Além da queda da fecundidade (número de filhos), a revista explica que também houve um aumento da idade média das francesas ao dar à luz – que subiu cinco anos em 50 décadas.

    Embora a França tenha sido pioneira na transição demográfica – a queda da natalidade para níveis modernos começou antes mesmo da Revolução Francesa –, agora é um Estado “normal” da União Europeia, entrando em “despovoamento”, detalha o texto. Dados do Instituto Nacional de Estudos Demográficos, mencionados pela revista, mostram que, projetando os dados de 2024 para os próximos 50 anos, a queda populacional começaria na década de 2050.

    Em suas conclusões, o autor compara as estratégias adotadas por outros países que enfrentam situações similares. "Queremos ser como o Japão, ou preferimos nos tornar a Itália?", questiona. Segundo ele, o Japão – um país envelhecido e fechado à imigração, mas próspero e moderno – não representa uma opção acessível para os franceses por questões econômicas. Já a Itália representa um país que "agora se vê obrigado a recorrer à imigração para manter sua população ativa", avalia.

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  • Giorgia Meloni quer provar que Itália se reergueu e está de volta ao cenário geopolítico
    Jul 26 2025

    As revistas semanais francesas trazem análises de dois líderes europeus: Giorgia Meloni, de extrema direita, que tenta mostrar que a “Itália não está mais de joelhos”, e o "paradoxo francês" de Emmanuel Macron, que busca um papel de protagonista internacional em meio a problemas nacionais.

    A Itália, sob a liderança da primeira-ministra Giorgia Meloni, tem buscado firmar sua posição tanto no cenário econômico quanto no palco diplomático internacional, explica a revista Le Point.

    Na frente econômica, o governo Meloni tem focado na recuperação da Itália após o impacto da pandemia de Covid-19. O Produto Interno Bruto (PIB) italiano registrou um crescimento notável de 6,3% em 2021 e 3,7% em 2022. Uma das prioridades tem sido a redução do déficit público. A previsão para 2023 foi revisada para 3,3% do PIB, com uma meta ambiciosa de 2,8% em 2026.

    O endividamento público da Itália, embora ainda elevado (145,8% do PIB em 2021 e 138,3% em 2022), tem sido alvo de planos para estabilização, com o objetivo de reduzir para 136,7% em 2025, indicando um esforço de consolidação fiscal.

    O governo lida com questões como a idade legal de aposentadoria, com projeção de aumento para 62,6 anos em 2025, e a taxa de desemprego, que em 2023 era de 7,4%.

    Internacionalmente, Giorgia Meloni tem buscado reafirmar o papel da Itália. Nessas ocasiões, a líder de extrema direita tem a oportunidade de projetar a imagem de uma Itália que "não está mais de joelhos" e que aposta em uma "diplomacia de sua primeira-ministra", buscando mostrar um país ativo e influente no cenário global.

    A revista Nouvel Obs convidou o jornalista e escritor Emmanuel Carrère para acompanhar o presidente Emmanuel Macron nos bastidores do último encontro do G7, na Itália.

    Carrère descreve Macron como um líder de estratégia complexa e multifacetada, marcada por uma busca incessante por influência global.

    Paradoxo francês

    O texto de Carrère destaca a "doutrina Macron", que se baseia na autonomia estratégica da Europa e no equilíbrio entre as alianças europeias e atlânticas.

    Essa abordagem se manifesta na tentativa de Macron de dialogar com figuras complexas como Donald Trump, Vladimir Putin e Benjamin Netanyahu, demonstrando uma disposição para engajamentos pragmáticos. A despeito de questionamentos sobre a legitimidade de tais diálogos, a estratégia do presidente francês é descrita como uma expansão contínua no cenário internacional.

    No entanto, as observações de Carrère também apontam para o "paradoxo francês": a projeção internacional de Macron coexiste com dificuldades e críticas no âmbito nacional. A capacidade da França de manter sua influência global é colocada em perspectiva diante de desafios internos.

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  • EUA: com poderes ampliados, agentes da polícia anti-imigração de Trump espalham terror
    Jul 19 2025

    As revistas semanais francesas analisam o governo Donald Trump sob várias facetas. L’Express traz as ações da polícia de imigração ICE. Criada após o 11 de setembro, a agência opera com poderes ampliados neste segundo mandato Trump.

    Os agentes da ICE podem agir mascarados, sem identificação ou uniforme, e não precisam de mandado judicial, inclusive para prisões em escolas, hospitais ou locais de culto. Têm autorização total para se defender de manifestantes.

    As táticas da ICE são descritas como "militares" e "agressivas", comparáveis a uma "polícia secreta" que faz pessoas "desaparecerem". A revista cita exemplos de prisões arbitrárias, invasão a um restaurante em San Diego com gás lacrimogêneo e a prisão equivocada de um requerente de asilo guatemalteco, cujo carro teve o vidro quebrado com uma marreta, além da agressão a um jardineiro mexicano, que tem três filhos servindo no exército americano.

    A expansão da ICE reflete a prioridade de Trump no combate à imigração. Uma lei fiscal recém-aprovada destinará US$ 170 bilhões à ICE nos próximos quatro anos, tornando-a a maior força policial do país, permitindo duplicar a capacidade dos centros de detenção e contratar 10 mil novos agentes.

    "Longe demais"

    Apesar de 54% dos americanos considerarem que a ICE "vai longe demais", a Suprema Corte, de maioria republicana, tem apoiado a administração.

    No entanto, a opinião pública e as mídias sociais têm atuado como contrapoder, com organizações de defesa de migrantes filmando e divulgando prisões.

    Já a Nouvel Obs explica em editorial que a Europa se depara com um "enigma Trump" e uma "via estreita" para lidar com seu retorno. Líderes europeus ainda buscam uma estratégia entre a "resistência" e o "acomodamento" para salvar a aliança com Washington.

    Em editorial, a revista Le Point argumenta que as novas propostas de Donald Trump para impor tarifas alfandegárias de 25% à Europa, a partir de 1º de agosto, não são meramente uma operação comercial, mas sim um ato de guerra comercial contra a Europa com o objetivo explícito de enfraquecer e, eventualmente, desmantelar a União Europeia.

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  • Elite militar cresce na Ucrânia, mas Kiev enfrenta falta de armamentos e ainda depende dos EUA
    Jul 12 2025

    As revistas francesas seguem comentando, nesta semana, a guerra na Ucrânia. A L’Express publicou uma reportagem sobre a evolução da espionagem ucraniana. Com o título "Os serviços secretos de Kiev, nova pedra no sapato dos russos", o semanário destacou como o país de Zelensky tem atacado para se defender de Vladimir Putin.

    A publicação lembrou a operação “Teia de Aranha”, quando 117 drones foram usados em ataques sem precedentes no território russo. Um ano, seis meses e nove dias teriam sido necessários para preparar esta ação, que foi trabalhada em completo sigilo. Como resultado, quatro aeródromos russos foram bombardeados, com dezenas de aviões estratégicos destruídos. Em tom elogioso, a revista afirma que pouquíssimos serviços no mundo são capazes de operar ações de tal porte.

    De acordo com a L’Express, outro personagem que tem causado dor de cabeça nos russos é o chefe do serviço de inteligência militar ucraniano (HUR), Kyrylo Boudanov, famoso por suas operações arriscadas e por sua expressão enigmática. No fim de maio, a imprensa ucraniana afirmou que seu serviço foi responsável pelas explosões ocorridas no dia 30 daquele mês na base naval de Vladivostok, a quase 7 mil quilômetros da linha de frente. Menos de um mês antes, o HUR reivindicou a destruição de dois caças SU-30 no Mar Negro, graças a mísseis disparados por drones marítimos, um feito inédito no mundo.

    O HUR anunciava sua posição desde 2016, adotando como emblema uma coruja apontando uma espada sobre a Rússia. A escolha do animal noturno não foi por acaso: ele é um dos predadores do morcego, símbolo das forças especiais do serviço de inteligência militar russo.

    Ajuda americana

    Já a revista Le Nouvel Obs aborda o tema, mas com outro viés, destacando a dependência da Ucrânia da ajuda de outros países, como os Estados Unidos. A publicação aponta que os “caprichos” de Donald Trump levaram os EUA a anunciarem que, por conta do ataque ao Irã, não poderiam mais disponibilizar armas para Kiev, como se as operações militares do país tivessem ficado desfalcadas.

    A desculpa foi obviamente criticada por especialistas e, diante de um Vladimir Putin inflexível, o presidente norte-americano teve de voltar atrás. Ele anunciou, em 7 de julho, que a Ucrânia precisa ser capaz de se defender. Com isso, afirmou que seu país vai enviar mais armas de apoio a Kiev.

    A revista destaca ainda que antes do início de seu segundo mandato na Casa Branca, Donald Trump repetia que negociaria o fim da invasão russa na Ucrânia em 24 horas. Mas Cúpula da Otan, ele declarou aos jornalistas que isso deveria ser visto como uma piada.

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  • Medidas de Trump geram inquietude entre apoiadores e setor econômico nos Estados Unidos
    Jul 5 2025

    O presidente americano, Donald Trump, vem se destacando neste segundo mandato por medidas polêmicas, como a das tarifas alfandegárias e à caça aos imigrantes ilegais. Mas não sem alguma resistência, como mostram reportagens de revistas semanais francesas.

    A Nouvel Obs foi até Kennett, cidadezinha do cinturão da bíblica em Missouri, com dez mil habitantes, que apoiou o bilionário republicano com 80% dos votos na última eleição presidencial.

    Em 30 de abril, uma notícia abalou Kennett: a prisão de Carol, garçonete e faxineira, sempre presente em atividades ligadas à escola e à igreja. Nascida em Hong Kong, Ming Li Hui, seu nome verdadeiro, ela chegou aos Estados Unidos há 20 anos como turista. Casou-se com um mexicano e teve 3 filhos. Renovava seu visto de permanência regularmente. Mas não podia trabalhar e foi pega numa batida da polícia.

    “Não votamos para isso”, diz um habitante de Kennett.

    A mobilização da cidade chegou a ser notícia no New York Times. Habitantes de Kennett fizeram vaquinhas e protestos para ajudá-la. Finalmente, Carol foi solta, beneficiada por uma proteção temporária a cidadãos de Hong Kong.

    A revista francesa diz que a moral da história é curiosa, pois, apesar de os habitantes de Kennett terem defendido Carol, eles ainda apoiam Trump. O que culpam é a má execução da lei.

    Comércio interno tenso

    A revista L’Express vai para o lado econômico das medidas Trump. Os economistas já previam e os consumidores temiam que as tarifas alfandegárias do bilionário iriam chegar às prateleiras dos supermercados.

    No momento em que começam as encomendas para o final do ano, a situação é tensa. O setor varejista faz pressão em Washington. “O segmento está encurralado”, resumiu um consultor econômico à L’Express.

    A rede Walmart afirma que dois terços dos produtos vendidos em suas lojas são fabricados ou montados nos EUA. Ainda assim, a China, Vietnã e México, países sujeitos às novas taxas, estão entre seus principais fornecedores.

    Alguns comerciantes fizeram estoques, mas o dilema continua. Por enquanto, o impacto das tarifas ainda está contido, mas o braço de ferro continua. Especialistas dizem que os efeitos só serão sentidos no quarto trimestre.

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  • Conflito Israel-Irã evidencia marginalização e impotência do bloco europeu, analisa imprensa
    Jun 28 2025

    A mudança de discurso e de atitude de Donald Trump no conflito entre Israel e Irã é analisada pelas revistas semanais francesas, que salientam a marginalização e a "impotência" dos europeus nesse confronto. A situação deve "servir de lição" para a Europa, escreve o editorial da Le Point desta semana.

    Depois de muito hesitar, e contrariando seu discurso de que os Estados Unidos não voltariam a intervir militarmente em outro país, o presidente americano autorizou o bombardeio das instalações iranianas na noite de 21 de junho. Dois dias depois, decretou a entrada em vigor de um cessar-fogo entre Israel e o Irã.

    "Trump impõe seus métodos brutais a uma União Europeia lenta, corroída por suas contradições", critica a Le Point. Os europeus defenderam até o último momento a "ilusão" de uma solução do conflito israelo-iraniano "pela negociação", observa a revista. Mas o presidente americano descartou o bloco europeu, garantindo que ele não ajudou em nada, e privilegia as discussões diretas com Teerã.

    O recente episódio do bombardeio ao Irã e o cessar-fogo obtido pelo presidente americano levantam questões sobre a legitimidade do Serviço Europeu de Ação Exterior da União Europeia. "Neste mundo onde o que conta são as relações de força, os Estados Unidos deram uma lição de realpolitik inesquecível as chancelarias europeias", conclui o editorial.

    'Cartilha de guerra e paz' de Trump

    "E, no final das contas, é sempre Trump quem ganha", afirma a manchete da L'Express. A revista considera o presidente dos Estados Unidos o único capaz de destruir o programa nuclear iraniano e o único líder que ousou entrar em ação com esse objetivo.

    O especialista Jacob Heilbrunn, do think tank americano The National Interest, entrevistado pela L'Express, nega, no entanto, que Trump tenha se transformado em "um falcão neoconservador como o ex-presidente George W.Bush", que desencadeou a guerra contra o Iraque. Segundo ele, Trump não é uma "pomba da paz, sempre foi favorável ao uso da força e é um unilateralista que pensa apenas no interesse dos Estados Unidos".

    Na mesma linha, a Nouvel Obs publica a "cartilha de guerra e paz segundo Trump". A ofensiva americana surpresa contra o Irã precipitou a região e o mundo em um período de incertezas, ao levantar mais questões do que respostas, diz a matéria.

    A decisão do presidente "autoproclamado pacificador" de reativar a doutrina da "paz pela força" ao intervir no Irã "revela a realidade da política externa de Trump". O republicano quer, acima de tudo, "mostrar que os Estados Unidos são incontornáveis", o cerne do slogan "Make America Great Again", aponta a Nouvel Obs.

    Partidário da "paz armada", Trump impõe seu ritmo e iniciativas até contra a opinião de seus apoiadores, avalia a Le Point. A revista considera o bombardeio das instalações nucleares iranianas a decisão mais ousada do presidente americano desde que retornou ao poder.

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