
‘Imigração seletiva’ poderia solucionar queda histórica de natalidade na França, afirma revista
No se pudo agregar al carrito
Add to Cart failed.
Error al Agregar a Lista de Deseos.
Error al eliminar de la lista de deseos.
Error al añadir a tu biblioteca
Error al seguir el podcast
Error al dejar de seguir el podcast
-
Narrado por:
-
De:
A revista semanal francesa Le Point destaca a queda de natalidade registrada na França no ano passado. Pela primeira vez em 80 anos, o país teve mais mortes do que nascimentos: 651 mil óbitos contra 650 mil nascimentos em 2024. Apoiar a natalidade e incentivar uma “imigração seletiva” são os dois principais caminhos a seguir, diz a publicação.
O texto de Bruno Tertrais, colunista e autor do livro "O choque demográfico" (em tradução livre, sem versão oficial em português), enfatiza que este marco leva a população francesa “rumo ao desconhecido”. Ele estima ser “bastante provável” que o saldo permaneça negativo ao longo de todo o ano de 2025.
A reportagem enfatiza que mesmo com políticas em prol da natalidade, os efeitos só seriam sentidos por volta de 2050. Por isso, segundo Tertrais, a única solução para a França crescer demograficamente seria por meio da imigração, hoje o principal motor do crescimento populacional. Em 2024, o país acolheu 152 mil novos imigrantes.
Le Point toca no ponto polêmico da “imigração seletiva” e compara os critérios de entrada de estrangeiros na França com os de seus vizinhos europeus: “A imigração na França é tradicionalmente pouco qualificada”, escreve Tertrais. Para a revista, o “real desafio econômico da imigração é fazer a economia funcionar".
Seleção de imigrantes deve entrar no debate políticoO colunista defende uma “verdadeira política demográfica” e recorda que o tema constava entre as propostas do atual primeiro-ministro francês, François Bayrou, quando ele ocupou temporariamente o cargo de alto comissário do Planejamento. Durante o período em que esteve nessa função, Bayrou tornou-se um dos assessores mais influentes no Palácio do Eliseu.
O texto salienta ainda a importância de destacar a temática do “desafio econômico da imigração” durante a campanha eleitoral de 2027, apesar de pontuar que o debate tende a ser polarizado.
Menor desejo de ter filhosA revista também questiona as causas da queda do número de nascimentos, que em 2024 foi de 1,62 por mulher, o índice mais baixo desde a Primeira Guerra Mundial. Segundo Le Point, a infertilidade seria um fator relativamente inexpressivo na equação que resulta nessa diminuição histórica. A causa mais evocada em pesquisas recentes é um menor desejo de ter filhos.
“A proporção de pessoas que não querem filhos dobrou em 20 anos (de 6% para 12%). Igualmente importante é o desejo de ter pelo menos três filhos: a proporção dos que têm esse objetivo caiu 10 pontos em 20 anos. O 'número ideal' de filhos para os franceses hoje é de apenas 2,3”, estima a publicação semanal.
Além da queda da fecundidade (número de filhos), a revista explica que também houve um aumento da idade média das francesas ao dar à luz – que subiu cinco anos em 50 décadas.
Embora a França tenha sido pioneira na transição demográfica – a queda da natalidade para níveis modernos começou antes mesmo da Revolução Francesa –, agora é um Estado “normal” da União Europeia, entrando em “despovoamento”, detalha o texto. Dados do Instituto Nacional de Estudos Demográficos, mencionados pela revista, mostram que, projetando os dados de 2024 para os próximos 50 anos, a queda populacional começaria na década de 2050.
Em suas conclusões, o autor compara as estratégias adotadas por outros países que enfrentam situações similares. "Queremos ser como o Japão, ou preferimos nos tornar a Itália?", questiona. Segundo ele, o Japão – um país envelhecido e fechado à imigração, mas próspero e moderno – não representa uma opção acessível para os franceses por questões econômicas. Já a Itália representa um país que "agora se vê obrigado a recorrer à imigração para manter sua população ativa", avalia.