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  • Europa está 'desesperada' diante de negociações entre Trump e Putin sobre Ucrânia, diz analista
    Aug 14 2025

    Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, se reúnem na sexta-feira (15), no estado americano do Alasca, para discutir um possível acordo de paz na guerra da Ucrânia. Na iminência das negociações na cúpula bilateral, líderes europeus promoveram, na quarta-feira (13), um encontro virtual de última hora com a presença de Trump e também do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

    Artur Capuani, correspondente da RFI em Bruxelas.

    “Se encontrar com Trump no Alasca, por si só, já é uma vitória diplomática para Putin”, afirmou à RFI Jacob Kirkegaard, pesquisador do Centro de Estudos Europeus Bruegel. O presidente russo conseguiu escantear a Europa e Zelensky mais uma vez, neste que será o primeiro encontro presencial entre os líderes desde que o republicano voltou à Casa Branca.

    Na prática, o que está em pauta agora é a possibilidade de um cessar-fogo. Essa é a exigência de Zelensky e dos líderes europeus para que se inicie, de fato, uma negociação pelo fim da guerra. Mas o próprio Zelensky afirmou que Putin está blefando e que o presidente russo vai pedir, como contrapartida, o controle total da região ucraniana de Donetsk.

    Atualmente, a maior parte deste território, cerca de 70%, foi invadida e está ocupada ilegalmente pela Rússia. A discussão em torno da troca ou cessão de territórios reacendeu esta semana e é um dos pontos-chave da negociação.

    Segundo Kirkegaard, não há expectativa de grandes resultados na cúpula de amanhã. “Na prática, avançar com a proposta de Putin significaria ceder territórios ucranianos antes mesmo de um cessar-fogo, oferecendo à Rússia algo concreto em troca de uma promessa sem valor real", acredita.

    Para o pesquisador, "Moscou poderia aceitar, no máximo, suspender temporariamente bombardeios contra alvos civis, o que seria rapidamente revertido. As últimas semanas já foram muito positivas para a Rússia. E, independentemente do que acontecer no Alasca, quem tem mais razões para sorrir é Vladimir Putin”.

    Proposta de encontro entre Putin e Zelensky

    Donald Trump afirmou que, caso tudo ocorra bem na reunião bilateral em Anchorage, no Alasca, ele espera realizar rapidamente um segundo encontro, desta vez com a presença de Putin e Zelensky. Porém, mesmo com essa intenção, é muito improvável que isso venha a acontecer num futuro próximo.

    É preciso lembrar que o presidente russo considera o governo de Zelensky ilegítimo e não vê o ucraniano como um interlocutor em pé de igualdade. Putin só aceitaria se encontrar com Zelensky para assinar a rendição da Ucrânia, algo que simplesmente não vai acontecer.

    Conversa com líderes europeus

    O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que ficou claro, na conversa desta quarta-feira, que territórios pertencentes à Ucrânia só serão negociados pelo próprio presidente ucraniano. Os europeus ligaram o sinal de alerta porque, nesta semana, Trump chegou a afirmar que os dois lados envolvidos na guerra teriam de abrir mão de territórios para finalizar o conflito.

    O chanceler alemão, Friedrich Merz, também foi direto: disse que precisa ser mantido o princípio de que as fronteiras não podem ser alteradas pela força. Com Zelensky ao seu lado, Merz descreveu a conversa como “excepcionalmente construtiva e boa."

    A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, também celebraram o resultado do encontro e afirmaram que os europeus vão manter uma coordenação estreita sobre as conversas.

    Hoje, a posição europeia é fraca e secundária. Segundo Jacob Kirkegaard, a reunião desta quarta foi, acima de tudo, um sinal de que a Europa está desesperada por não participar das negociações no Alasca.

    “Esse movimento foi só a melhor maneira de os europeus reagirem a uma situação que é ruim para eles. Os líderes europeus querem garantir que o imprevisível presidente norte-americano entenda quais são os limites da União Europeia e de Kiev”, concluiu o analista.

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  • Descontentamento social na Argentina cresce, mas Milei mantém apoio popular
    Aug 13 2025
    O número de setores sociais afetados pelo ajuste fiscal do governo aumenta, mas o apoio ao presidente Javier Milei não diminui. Apesar de a maioria dos argentinos consumir menos e metade ter dificuldades para chegar ao fim do mês, os governistas devem vencer as próximas eleições legislativas de outubro, segundo analistas políticos. Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires Todas as quartas-feiras, aposentados ocupam a frente do Congresso em Buenos Aires para protestar contra as políticas de Milei. A cada semana, um novo setor se une à categoria, uma das mais atingidas pelo ajuste fiscal do presidente argentino. Há dez dias, Milei vetou um aumento nas aposentadorias aprovado pelo Congresso, além de uma atualização no valor das prestações médicas destinadas a pessoas com deficiência. O Congresso também deve votar em breve leis de financiamento para universidades e hospitais pediátricos, que afetarão médicos e o ensino universitário. O presidente afirma que não há recursos para ajudar esses setores vulneráveis e que a política de superávit fiscal é uma das bases de seu governo. No entanto, o superávit fiscal de Milei é considerado fictício por economistas. Isso porque, entre outros fatores, as obras públicas no país estão paralisadas há quase dois anos. Além disso, o próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) lembrou que, ao se considerar os juros da dívida, o superávit fiscal primário de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) se transforma em um déficit fiscal de 1,2%. De todo modo, o que se torna cada vez mais evidente nas pesquisas de opinião pública são os setores sociais que relatam dificuldades para chegar ao fim do mês. Aperto econômico e perda de poder aquisitivo Desde dezembro de 2023, quando Javier Milei assumiu a presidência, a perda média do poder aquisitivo na Argentina foi de cerca de 12%. Trabalhadores do setor público e do setor informal sofreram perdas ainda maiores. Já os assalariados do setor privado têm conseguido reajustes salariais baseados na inflação. As perdas no poder de compra muitas vezes passam despercebidas, pois ocorrem por meio do aumento das tarifas de serviços públicos ou pela eliminação de benefícios. Os aposentados, por exemplo, agora precisam comprar os medicamentos que antes recebiam gratuitamente. Uma pesquisa nacional da consultoria M&F concluiu que 83,9% dos argentinos tiveram de mudar seus hábitos de consumo devido à perda de poder aquisitivo. Entre os cortes, destaca-se a redução nos gastos com produtos essenciais. Os consumidores abandonaram marcas tradicionais em favor de produtos de segunda linha ou alternativos. Também trocaram serviços privados por públicos, como escolas e planos de saúde, e reduziram o uso de transporte. Quase metade dos entrevistados (49,5%) afirma ter dificuldades financeiras. Apenas 35,3% dizem conseguir pagar todas as contas sem restrições. No total, 60% consideram que a situação econômica familiar piorou no último ano, enquanto apenas 17,3% acreditam que ela melhorou. Segundo dados da consultoria Moiguer, metade dos argentinos (50%) tem dificuldade para encerrar o mês com o que ganham. Apenas 23% conseguem economizar algum dinheiro. O peso argentino está artificialmente valorizado. Nos últimos 20 meses, a inflação aumentou muito mais do que a desvalorização da moeda. Com isso, o custo de vida na Argentina é um dos mais altos do mundo, e o país perde competitividade perante produtos importados. Todas as semanas, uma nova fábrica fecha no país. O número de empregos destruídos é maior do que o de criados. A venda de ativos também supera os investimentos privados. Desemprego e precarização O desemprego chegou a 7,9% no primeiro trimestre. O número é apenas 0,2 ponto percentual superior ao mesmo período do ano passado, mas representa um aumento de 1,5 ponto em relação ao trimestre anterior. Essa taxa, no entanto, não reflete a realidade, já que o número de trabalhadores autônomos e precários aumentou. Quem perde o emprego e passa a prestar serviços por conta própria em plataformas digitais não aparece como desempregado nas estatísticas. Além disso, 16% dos empregados procuram um segundo trabalho para complementar a renda e conseguir chegar ao fim do mês. Plano econômico depende das urnas O governo Milei depende de um excelente desempenho nas eleições legislativas para sinalizar governabilidade aos mercados e avançar com reformas. Sem isso, seu plano econômico corre sérios riscos, pois depende de investimentos privados, que ainda não chegaram. Todos os institutos de opinião pública preveem a vitória de Milei, com estimativas em torno de 40% dos votos. Será a partir dessas eleições que começará uma nova fase do governo Milei, na segunda metade de seu mandato de quatro anos. Riscos eleitorais O principal risco para Milei é que sua principal bandeira, o combate à inflação, sofra um revés. Em 2024, a ...
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  • Portugal: falhas operacionais dificultam controle de um dos piores incêndios em 15 anos
    Aug 12 2025

    Portugal enfrenta uma das piores temporadas de incêndios florestais dos últimos 15 anos, com dezenas de milhares de hectares destruídos pelas chamas. Os mais de 3.000 bombeiros mobilizados não conseguem conter a devastação. Os três aviões portugueses de combate a incêndios estão fora de serviço e o governo não solicitou ainda ajuda à União Europeia

    Lizzie Nassar, correspondente da RFI em Portugal

    Em uma viagem que vai de Lisboa até Vila Real, no norte do país, os sinais da tragédia são evidentes. Regiões como o Centro e o Norte estão particularmente afetadas, com vastas áreas de mato e florestas queimadas, solo cinzento e o ar carregado pelo cheiro de fumaça.

    Em Trancoso, distrito da Guarda, a situação é crítica: famílias inteiras foram evacuadas, muitos perderam seus animais e tiveram que abandonar suas casas. Centros comunitários e igrejas acolhem os mais vulneráveis, enquanto voluntários trabalham para abrir estradas bloqueadas e distribuir suprimentos básicos.

    Combate ao fogo: recursos insuficientes e dificuldades técnicas

    Atualmente, mais de 3.000 bombeiros portugueses lutam contra o fogo, apoiados por cerca de 225 viaturas e sete aeronaves. O combate, porém, é dificultado pelo bloqueio de estradas e pelo vento forte que acelera a propagação das chamas.

    Um fator agravante é a paralisação dos três aviões Canadair portugueses, que estão fora de serviço devido a problemas técnicos. Portugal recorreu a um acordo com Marrocos, que enviou dois aviões Canadair para apoiar o combate aéreo, operação que seguirá até que os aviões nacionais estejam reparados.

    Apesar do agravamento da crise, as autoridades portuguesas ainda não solicitaram oficialmente ajuda da União Europeia, o que tem gerado críticas públicas e debate político.

    Dados alarmantes e causas dos incêndios

    Desde o início de 2025, cerca de 60 mil hectares foram destruídos pelo fogo — uma área que equivale a cinco vezes o tamanho da cidade de Lisboa. Só nos últimos dias, os focos de fogo consumiram mais de 15 mil hectares, conforme confirmado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

    Foram registrados mais de 5.700 incêndios neste ano, com metade da área queimada composta por mato, 40% por florestas e 10% por áreas agrícolas. Um problema grave é a origem criminosa dos focos de fogo: em 2023, 84% da área queimada resultou de fogo posto, e já em 2025, 26 pessoas foram detidas sob suspeita de incendiar florestas — entre elas, um bombeiro.

    Investimentos em prevenção e os desafios climáticos

    Em 2024, o governo português investiu cerca de 354 milhões de euros em medidas preventivas, incluindo limpeza de matas e campanhas de conscientização. Mesmo assim, os incêndios continuam a avançar.

    Especialistas apontam que a combinação de verões mais longos, secos e ventosos, somada ao abandono das áreas rurais e ao acúmulo de combustível natural, cria um cenário propício para focos de fogo de grande proporção. Além disso, o aquecimento global tem intensificado esses fenômenos, tornando os incêndios mais frequentes, duradouros e difíceis de controlar. A fiscalização das medidas preventivas também é dificultada em zonas remotas.

    Organizações ambientais como Quercus e Associação Natureza Portugal alertam para a necessidade urgente de políticas estruturais mais rigorosas e maior participação comunitária na gestão florestal.

    Recomendações para populações próximas

    As autoridades reforçam o alerta para que a população evite qualquer atividade que possa gerar faíscas, especialmente em dias de risco máximo. É essencial manter vigilância e comunicar imediatamente às autoridades ao notar qualquer sinal de fogo, pelos números 112 ou 117.

    Embora a maioria dos incêndios ocorra longe das áreas urbanas, seus efeitos são sentidos por toda a população, impactando a biodiversidade, a economia local e a segurança de vidas humanas.

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