
Portugal: falhas operacionais dificultam controle de um dos piores incêndios em 15 anos
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Portugal enfrenta uma das piores temporadas de incêndios florestais dos últimos 15 anos, com dezenas de milhares de hectares destruídos pelas chamas. Os mais de 3.000 bombeiros mobilizados não conseguem conter a devastação. Os três aviões portugueses de combate a incêndios estão fora de serviço e o governo não solicitou ainda ajuda à União Europeia
Lizzie Nassar, correspondente da RFI em Portugal
Em uma viagem que vai de Lisboa até Vila Real, no norte do país, os sinais da tragédia são evidentes. Regiões como o Centro e o Norte estão particularmente afetadas, com vastas áreas de mato e florestas queimadas, solo cinzento e o ar carregado pelo cheiro de fumaça.
Em Trancoso, distrito da Guarda, a situação é crítica: famílias inteiras foram evacuadas, muitos perderam seus animais e tiveram que abandonar suas casas. Centros comunitários e igrejas acolhem os mais vulneráveis, enquanto voluntários trabalham para abrir estradas bloqueadas e distribuir suprimentos básicos.
Combate ao fogo: recursos insuficientes e dificuldades técnicasAtualmente, mais de 3.000 bombeiros portugueses lutam contra o fogo, apoiados por cerca de 225 viaturas e sete aeronaves. O combate, porém, é dificultado pelo bloqueio de estradas e pelo vento forte que acelera a propagação das chamas.
Um fator agravante é a paralisação dos três aviões Canadair portugueses, que estão fora de serviço devido a problemas técnicos. Portugal recorreu a um acordo com Marrocos, que enviou dois aviões Canadair para apoiar o combate aéreo, operação que seguirá até que os aviões nacionais estejam reparados.
Apesar do agravamento da crise, as autoridades portuguesas ainda não solicitaram oficialmente ajuda da União Europeia, o que tem gerado críticas públicas e debate político.
Dados alarmantes e causas dos incêndiosDesde o início de 2025, cerca de 60 mil hectares foram destruídos pelo fogo — uma área que equivale a cinco vezes o tamanho da cidade de Lisboa. Só nos últimos dias, os focos de fogo consumiram mais de 15 mil hectares, conforme confirmado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Foram registrados mais de 5.700 incêndios neste ano, com metade da área queimada composta por mato, 40% por florestas e 10% por áreas agrícolas. Um problema grave é a origem criminosa dos focos de fogo: em 2023, 84% da área queimada resultou de fogo posto, e já em 2025, 26 pessoas foram detidas sob suspeita de incendiar florestas — entre elas, um bombeiro.
Investimentos em prevenção e os desafios climáticosEm 2024, o governo português investiu cerca de 354 milhões de euros em medidas preventivas, incluindo limpeza de matas e campanhas de conscientização. Mesmo assim, os incêndios continuam a avançar.
Especialistas apontam que a combinação de verões mais longos, secos e ventosos, somada ao abandono das áreas rurais e ao acúmulo de combustível natural, cria um cenário propício para focos de fogo de grande proporção. Além disso, o aquecimento global tem intensificado esses fenômenos, tornando os incêndios mais frequentes, duradouros e difíceis de controlar. A fiscalização das medidas preventivas também é dificultada em zonas remotas.
Organizações ambientais como Quercus e Associação Natureza Portugal alertam para a necessidade urgente de políticas estruturais mais rigorosas e maior participação comunitária na gestão florestal.
Recomendações para populações próximasAs autoridades reforçam o alerta para que a população evite qualquer atividade que possa gerar faíscas, especialmente em dias de risco máximo. É essencial manter vigilância e comunicar imediatamente às autoridades ao notar qualquer sinal de fogo, pelos números 112 ou 117.
Embora a maioria dos incêndios ocorra longe das áreas urbanas, seus efeitos são sentidos por toda a população, impactando a biodiversidade, a economia local e a segurança de vidas humanas.