Neste episódio de 23 minutos do programa Gestão de Riscos Sem Fronteiras – da ISO 31000 à Transformação Digital, exploramos em profundidade o Modelo das Três Linhas, publicado pelo Institute of Internal Auditors (IIA) em 2020 e reconhecido mundialmente como uma das principais referências para a governança corporativa e a gestão de riscos.
O modelo surge em resposta às crescentes demandas por transparência, responsabilidade e resiliência em um mundo cada vez mais incerto, complexo e interconectado. Diferentemente de uma estrutura meramente defensiva, o Modelo das Três Linhas propõe uma visão estratégica, em que papéis e responsabilidades são claramente definidos e alinhados de modo a evitar lacunas ou sobreposições e a garantir que todos os atores da organização trabalhem de forma coordenada para a criação e a proteção de valor.
No centro desse modelo está o órgão de governança, representado geralmente pelo conselho de administração. Ele é responsável por definir a estratégia, a visão e o apetite de riscos, além de assegurar os recursos necessários à gestão. Ao mesmo tempo, deve garantir a existência de uma auditoria interna independente e competente, capaz de oferecer clareza, confiança e supervisão.
A gestão é outro elemento essencial do modelo e se divide em duas dimensões complementares. A primeira linha corresponde às áreas operacionais diretamente responsáveis por entregar produtos, serviços e resultados, assumindo a responsabilidade primária de identificar e gerenciar riscos no dia a dia. Já a segunda linha reúne funções especializadas, como compliance, gestão de riscos corporativos, segurança da informação e sustentabilidade, que fornecem suporte técnico, monitoramento e políticas de orientação para assegurar que a primeira linha atue com consistência e eficácia.
A terceira linha é representada pela auditoria interna, cuja função é prestar avaliação objetiva e independente sobre a eficácia da governança e do gerenciamento de riscos. Seu valor está na imparcialidade e na independência em relação à gestão, o que lhe confere autoridade e credibilidade como fonte de informação para conselhos e comitês. Assim, a auditoria interna é frequentemente descrita como os “olhos e ouvidos confiáveis” do órgão de governança.
O documento do IIA que fundamenta o modelo ressalta ainda seis princípios que sustentam sua aplicação. São eles: a importância da governança sólida, a definição clara dos papéis do órgão de governança, o reconhecimento das responsabilidades da gestão por meio das primeiras e segundas linhas, o papel da auditoria interna como terceira linha independente, a necessidade inegociável de preservar essa independência e, por fim, a centralidade do objetivo de criar e proteger valor.
Ao longo do episódio, destacamos que as três linhas não devem atuar de forma isolada, mas sim como uma verdadeira orquestra corporativa. A harmonia entre governança, gestão e auditoria depende da cooperação, da comunicação e da transparência. Quando esses elementos se alinham, a organização não apenas reage a riscos, mas consegue se antecipar a eles, fortalecer a confiança dos stakeholders e conquistar vantagens competitivas sustentáveis.
Este capítulo foi concebido para servir como um guia introdutório e prático a quem deseja compreender como o Modelo das Três Linhas pode ser aplicado a diferentes tipos de organizações, sejam elas pequenas, médias ou grandes, públicas ou privadas. Ao longo dos 23 minutos, explicamos de maneira acessível os conceitos essenciais do modelo, discutimos os desafios mais comuns de sua implementação e apresentamos caminhos para adaptá-lo às particularidades de cada setor.
Ao escutar este episódio, o ouvinte terá a oportunidade de entender por que o Modelo das Três Linhas se tornou indispensável para organizações que precisam navegar em ambientes de alta incerteza, tomar decisões mais informadas e, sobretudo, alinhar governança, riscos e objetivos estratégicos.