🎙️ Capítulo 14 – Sociedade do Risco: Da Teoria de Beck à Prática da Gestão de Riscos Podcast Por  arte de portada

🎙️ Capítulo 14 – Sociedade do Risco: Da Teoria de Beck à Prática da Gestão de Riscos

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Em que momento a gestão de riscos deixou de lidar apenas com incêndios, furtos e fraudes e passou a enfrentar riscos produzidos pela própria estratégia das organizações? Este episódio conecta a teoria da Sociedade do Risco, de Ulrich Beck, com a prática cotidiana de quem vive ISO 31000, governança corporativa, segurança integrada e cultura de risco nas organizações.

Partimos da tese central de Beck: a modernidade entrou numa fase em que os maiores riscos não são mais “naturais”, mas fabricados pela própria lógica de desenvolvimento tecnológico, econômico e industrial. Chernobyl deixa de ser apenas um acidente histórico e passa a ser um símbolo de algo muito atual: riscos globais, invisíveis, de efeitos irreversíveis, que atravessam fronteiras, reguladores e promessas de segurança. A partir daí, fazemos a transposição direta para o contexto corporativo do século XXI.

Em vez de tratar “sociedade do risco” como um conceito abstrato de sociologia, trazemos essa lente para dentro da empresa. Mostramos como grande parte dos riscos corporativos hoje é endógena: nasce da forma como buscamos eficiência, crescimento acelerado, hiperautomação, dependência de cadeias complexas, uso intensivo de dados, nuvem e inteligência artificial. Riscos ambientais, tecnológicos, reputacionais e de cibersegurança deixam de ser ruídos externos para serem encarados como subprodutos da própria estratégia.

Nesse cenário, a ISO 31000 deixa de ser apenas um framework técnico para virar uma linguagem de poder, responsabilidade e escolha. Discutimos como “contexto”, “partes interessadas”, “apetite a risco” e “cultura de risco” revelam, na prática, quais riscos a organização aceita produzir e normalizar em nome de competitividade e resultado. O mapa de riscos é apresentado não como uma lista neutra de ameaças, mas como um espelho da visão de mundo da liderança.

O episódio também explora o conceito de “efeito bumerangue” de Beck aplicado ao ambiente corporativo: o risco que tentamos empurrar para fora – social, ambiental, de segurança ou reputacional – retorna ampliado, em forma de crise, sanções regulatórias, boicote, perda de talentos ou erosão de confiança. É aqui que a ideia de segurança integrada ganha densidade: não é apenas alinhar segurança física, lógica e patrimonial, mas reconhecer interdependências profundas entre risco operacional, tecnológico, humano, jurídico e reputacional.

Para tornar essa discussão concreta, cruzamos exemplos clássicos da sociedade do risco – como Chernobyl e os grandes desastres ambientais – com riscos contemporâneos que desafiam conselhos, comitês de risco e estruturas de GRC: mudanças climáticas, ataques de ransomware, vazamentos massivos de dados, uso irresponsável de IA e cadeias de fornecimento frágeis em escala global. A pergunta que guia o episódio é direta: sua organização está apenas mapeando riscos… ou também revisitando criticamente os riscos que ela mesma fabrica?

Ao longo da conversa, mostramos como a cultura de risco funciona como a “memória viva” dessas decisões. Frases como “sempre fizemos assim”, “todo mundo no mercado faz igual” ou “isso nunca deu problema” são analisadas como indicadores de normalização de riscos sistêmicos. Para um público avançado em gestão de riscos, o convite é sair da zona de conforto das matrizes coloridas e entrar em uma reflexão mais estratégica e incômoda sobre modernização, limites e responsabilidade.

Este capítulo é especialmente relevante para quem atua em governança corporativa, gestão de riscos, compliance, segurança integrada, auditoria, continuidade de negócios e transformação digital. Ao final do episódio, o objetivo é claro: fazer você rever a forma como enxerga “risco” nas organizações, conectando o seu dia a dia profissional a um debate maior sobre a sociedade do risco, seus efeitos bumerangue e o papel das empresas na produção – e na mitigação – dos riscos do nosso tempo.

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