Episodios

  • Cruzadas #65 | Navio dos Loucos
    Dec 23 2021
    A terra é cruzada. O mar é cruzada. E o coração dos islâmicos, hereges e de toda sorte dos desviantes da moral cristã ocidental são cruzados pelas espadas e lanças dos cavalheiros. O mundo ocidental se debruça sobre o oriente, naquele que foi o maior embate religioso do mundo medieval, o de maior proporção. Que de tão grandioso mudou os rumos da história. Ponto de inflexão. Não triunfa o cristianismo sobre o islamismo. Mas muito se apropria, as moedas, o intelecto, os temperos e o comércio. Intolerante e transformadora. Ali fora reiventado e reavivado o olhar violento sobre o outro. Para o triunfo de um, a necessária queda do outro. Um sentimento reinterpretado historicamente mas que insiste em reaparecer a cada invasão sobre o Oriente Médio, Ásia, América, África. Uma cruzada imperialista. Uma cruzada ocidental. O navio mergulha em mais um tema com aquela assinatura que você já conhece.
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    1 h y 41 m
  • 1ª Guerra Mundial #64 | Navio dos Loucos
    Nov 28 2021
    Voa o homem. O homem liga e sua voz corre por distâncias, mas não grita. E molda o ferro como massa de modelar. O homem encurta o tempo. E parece que ele não terá limites. Os burascos que rasgam o chão, acabam com as fronteiras. O limite é cavado a sangue, fezes e barro. As trincheiras são o limite humano e moral. E ela é recheada por um nacionalismo exacerbado. Homem sobre o homem. Não é um francês morto, não é um marroquino morto, é um homem morto. Mas os canhões parecem não ter sentimentos. Versalhes não é um tratado de paz, é um armistício de vinte anos. De um mundo que não terá mais onde se esconder. Não haverá mais trincheiras. Não haverá refúgio. E sobre os escombros de um mundo combalido se erguerá o Nazi-fascismo. O Navio dos loucos apresenta aquela que foi a Grande Guerra. O marco do século XX. Solta o play!
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    1 h y 42 m
  • Lovers Rock #63 | Navio dos Loucos
    Nov 19 2021
    Lovers rock é o dono do corpo. O samba é o dono do corpo. O blues é o dono corpo. A diáspora é a dona do corpo que insiste em resistir e não se entrega. A resistência é a dona do corpo. Steve McQueen em mais um episódio da série Small Axe desvela de uma maneira sútil e despretensiosa a sociabilidade negra na Inglaterra dos anos 70. O amor negro, a música negra, a amizade negra, a estética negra, as identidades negras. Longe de clichês, longe sobretudo de estereótipos, Lovers Rock é uma aula de cinema, história e militância. Viver e ser feliz na Inglaterra dos 70 era um ato revolucionário, ainda mais se fosse feito no transe de uma equipe de Dub ou num canto coletivo do refrão. Solta o play, o navio está de volta!
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    1 h y 19 m
  • Sub-humanos, o capitalismo e a metamorfose da escravidão #62 | Navio dos Loucos
    Oct 20 2021
    Meu nome é trabalho mas eu tô quebrado, afim de um cascalho vou pra todo lado, tem cinco pirralhos chorando um bocado, vê se quebra um galho doutor, tô desempregado, me arranja um trabalho doutor, tô desempregado. Através da poesia do grupo Fundo de Quintal podemos perceber que o trabalho na sociedade contemporânea antes de ser um direito é um privilégio. E que além de privilégio ele não se realiza de acordo com a vontade daquele que trabalha e sim com a oportunidade disponibilizada por um "mercado". Mas, afinal, o que essa expressão repetida a exaustão nos demonstra? Nós trabalhadores ficamos em prateleiras, nos enchendo de diferenciações profissionais para embelezar o rótulo no afã de sermos selecionados. E os trabalhadores que não são? E aqueles que são mas o mercado os contrata por um baixíssimo salário? Um salário que mal sustenta uma pessoa. No livro de Thiago Muniz Cavalcanti, Sub-humanos, o capitalismo e a metamorfose da escravidão, o autor descortina para nós como funciona esse mercado, quais as suas relações com os trabalhadores, como eles são classificados e como o trabalho é entendido e organizado na sociedade. Um livraço que nos faz compreender já no subtítulo como a liberdade supracitada em documentos oficiais de estado pode ser apenas uma ficção jurídica. Você que nos escuta, você que nos lê, é um semi-livre ou um sub-humano? Resistamos! Solta o play!
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    1 h y 48 m
  • Mangrove #61 | Navio dos Loucos
    Oct 4 2021
    Já pensou em empreender? Mas empreender com a tua cara, levantar o teu negócio, colocar a tua origem, tua cultura, todo os seus sonhos num empreendimento? O Frank pensava. O Frank tinha um estilo meio Zé do Caroço, só que o cenário não era o morro do Pau da Bandeira, era a Inglaterra dos anos 70 e 80. O Frank era nascido nas antigas colônias inglesas do Caribe (não é possível que você depois de 60 episódios ainda ache que a Inglaterra só colonizou os EUA) e veio pra Inglaterra em busca de uma melhor qualidade de vida. Seu restaurante era fabuloso, a comunidade daqueles que como ele vinham do Caribe encontravam ali o familiar, a raíz, a diáspora. O problema para esse filme não ser uma ode a cultura e culinária caribenha está em outro Frank. Frank Pulley, policial inglês, representante, síntese individual do racismo produzido pela expansão marítima e comercial. Pulley odeia por odiar, estigmatiza, caricatura e reduz Frank a marginalidade. Os embates entre os Franks são embates raciais entre o norte colonial e o sul que busca a liberdade. The Mangroove é qualquer buteco nas periferias, favelas e bairros pobres do rio de janeiro e do Brasil. E estamos cheios de Franks por aí que incomodam por ascender e não se conformar com o papel atribuído pela branquitude. A resenha sobre Os Nove do Mangrove está ar. O filme, fabuloso, você encontra no globoplay. Solta o play, família!
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    1 h y 30 m
  • Primeiro Reinado #59 | Navio dos Loucos
    Sep 13 2021
    Vai o pai e fica o filho. Cena cotidiana na política brasileira. Como ser diferente? Se no nascimento, na gênese do Estado brasileiro, largamos o posto de colônia e fomos entregues ao príncipe regente, filho do antigo algoz, e, por conseguinte, ele também algoz. Um país forjado na herança e na tradição, perceba que aqui essas palavras não tem nenhuma conotação positiva. Forjado pela elite colonial que via a manutenção da ordem colonial como um obstáculo ao seu desenvolvimento. Até que veio a noite da agonia. Até que veio a Outorgada, em 1824. Até que veio a morte de Dom João e a possibilidade de uma reunificação. Até que veio a Guerra da Cisplatina. Até que veio a abdicação. Gestado por 9 anos, o Brasil não nasceu no Primeiro Reinado, mas foi definitivamente marcado por ele. Solta o play!
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    2 h y 13 m
  • Platão #58 | Navio dos Loucos
    Sep 4 2021
    Platão, aquele de ombros largos! Seguidor fiel, discípulo, encantado e enamorado pela figura de Sócrates. Autor de mais de 30 diálogos. Uma vida dedicada a reflexões filosóficas, muito devido a condição confortável de playboy/aristocrata. É incontornável pensar a intelectualidade do ocidente sem Platão. Desde a influência no cristianismo à grande parte dos filósofos e intelectuais do medievo e do mundo moderno. Se indigne na República, se apaixone no Banquete, só não se perca na Metafísica. O Navio segue suas navegações pela filosofia, e por essa Platão não esperava. Solta o play pra sair da caverna!
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    1 h y 49 m
  • Civilização do Açúcar #57 | Navio dos Loucos
    Aug 27 2021
    Como pode de tão inofensivo ser tão cruel, o cafézinho com duas colheradas de açúcar? O pastélzinho de Belém, que coisa esplêndida. E o chá inglês, sem o ouro branco? Seria só mais uma bebida amarga. Mas, como pode? Tão doce, que te faz sorrir, que te faz feliz, que te vicia como droga (aliás, é droga), produzir um mundo tão amargo? Tão violento! Tão hierarquizado! O açúcar invadiu mercados europeus, adoçou a boca da nobreza e encheu os bolsos da burguesia. E simplesmente destruiu as Américas. Um café adoçado era um braço de escravizado que ficava preso na moenda. Um confeito europeu valia o genocídio dos povos originários do sul ao norte da América. O Brasil não era açucareiro porque não existia Brasil. Mas a violência da açucarocracia, do alto escalão dos senhores de engenho que fizeram do Brasil sua casa grande forjou as bases da nossa sociedade. Violentada e violenta. Doce para pouquíssimos, amarga para milhões. É preciso experimentar um Brasil que tenha outro paladar. É preciso se indignar com o passado, não para um futuro, mas para um presente melhor. Solta o play
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    1 h y 52 m
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