Episodios

  • Gabriel Weber: Ônibus que leva a praias da zona sul do Rio costura cidade fragmentada
    Dec 13 2025

    Um motorista do 474, conhecido como linha do inferno no Rio de Janeiro, contou a Gabriel Weber que se, se a previsão do fim de semana é de sol, ele começa a "meter Alprazolam", um ansiolítico, já na quinta-feira.

    O arquiteto é autor de "474 Jacaré/Copacabana". O livro, a partir de um olhar de dentro do 474, busca entender o Rio de Janeiro e suas desigualdades.

    O ônibus liga o que ele chama de bairros-cativeiro da massa falida da zona norte a uma zona sul com um microclima mais ameno, que abriga as praias das pessoas de bem e onde toca João Gilberto.

    O túnel que liga os dois Rios, Weber diz, é como um portal místico —e depois de cruzá-lo, com jovens surfando em cima do ônibus e viajando nas janelas, o ônibus provoca um Big Bang na zona sul e se torna alvo da polícia.

    Para ele, por outro lado, esse corte que marca a urbanização carioca não gera uma cidade partida e o próprio 474 é um dos vetores que costuram os vários fragmentos do Rio de Janeiro.

    Nesta entrevista, o arquiteto afirma que não ignora os problemas de segurança relacionados à linha, mas defende que é preciso lembrar as condições de vida dos moradores dos bairros precários da zona norte e a elite segregacionista da zona sul, que vê as praias como espaços de uso exclusivo.

    Weber também discutiu as questões de gênero e racial que se manifestam no 474 e contou algumas histórias que presenciou, como um homem que desrespeitou o código de ética da linha roubando uma moradora da zona norte e acabou empurrado para fora do ônibus.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    52 m
  • Rosane Borges: Mulheres negras enfrentam imaginário racista e constroem novo futuro
    Nov 29 2025

    As mulheres negras vêm transformando o nada —o rebaixamento a que foram submetidas pelo colonialismo e pela escravidão— em quase tudo, diz Rosane Borges, doutora em comunicação e linguagem pela USP e professora da PUC São Paulo.

    Com a expressão quase tudo, ela faz referência a uma infinidade de iniciativas que buscam tirar as mulheres negras da base da pirâmide social e, ao mesmo tempo, construir novos imaginários para enfrentar os estereótipos racistas e sexistas que se afirmaram nos últimos séculos.

    Em "Imaginários Emergentes e Mulheres Negras", a pesquisadora analisa o tema e defende que a emancipação das mulheres negras demanda a construção de uma fábrica de imaginários, semelhante a Hollywood, para criar um novo conjunto de narrativas.

    Neste episódio, Borges discute as imagens negativas criadas pelo colonialismo sobre as pessoas negras e afirma que essas representações se tornaram uma profecia autorrealizável, que continua perpetuando desigualdades e o racismo.

    A autora também diz que esse imaginário tem tudo a ver com a indicação de Jorge Messias ao STF, pelo presidente Lula, em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    50 m
  • Bel Coelho: Conhecer sabores da floresta é essencial para manter a amazônia em pé
    Nov 15 2025

    Não existe floresta sem gente —seja porque a amazônia, longe de ser um bioma intocado, foi cultivada por povos originários ao longo de milhares de anos, seja porque extrativistas, indígenas, quilombolas, ribeirinhos e tantos outros grupos se tornaram guardiões da floresta.

    Essa ideia é o ponto de partida de "Floresta na Boca", livro da chef Bel Coelho sobre os sistemas alimentares da amazônia, enraizados tanto nos ingredientes da floresta quanto nas práticas das populações da região.

    A autora lança na COP30, em Belém, o livro e um documentário sobre a amazônia, que são resultado de duas expedições realizadas neste ano no Pará.

    Nesta entrevista, a chef diz que a culinária brasileira ainda é muito distante dos ingredientes da nossa biodiversidade e que o apagamento cultural de certos alimentos pode levar à sua extinção ambiental, impulsionando uma agricultura colonizada.

    Ela também explica por que considera a mandioca a rainha do Brasil, fala sobre os riscos da açaização da amazônia —o incentivo à monocultura do açaí devido ao aumento do seu preço nos mercados— e discute o protagonismo feminino em experiências de conservação da floresta.

    Por fim, Bel Coelho defende uma transformação na nossa alimentação para lidar com a crise climática, por meio do consumo de ingredientes nativos e da remuneração justa de produtores comprometidos em manter a floresta em pé.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    38 m
  • Reginaldo Prandi: Terreiro transbordou para a sociedade e moldou a cultura brasileira
    Nov 1 2025

    O sociólogo Reginaldo Prandi, professor emérito da USP, é o convidado do Ilustríssima Conversa desta semana.

    Prandi, um dos mais importantes pesquisadores do país das religiões afro-brasileiras, está lançando "Orixás: os Deuses que Habitam em Nós", livro destinado tanto a quem acredita nessas divindades quanto a quem se interessa intelectualmente por elas.

    A obra reúne mitos sobre 18 orixás e explora como os deuses são cultuados no Brasil. Ao mesmo tempo, celebra os 25 anos de publicação de "Mitologia dos Orixás", best-seller e referência fundamental sobre o tema.

    Nesta entrevista, Prandi narra como chegou ao estudo dos orixás e dos terreiros e diz que, assim aconteceu com outras religiões, a história do candomblé foi profundamente influenciada por circunstâncias políticas e sociais do Brasil.

    O autor também aponta orixás que ganharam espaço nos últimos anos, por expressarem debates sobre gênero e sexualidade, por exemplo, e explica como os rituais dos terreiros transbordaram para o resto da sociedade e foram fundamentais na construção da cultura brasileira.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    55 m
  • Marina Rossi: Consumo atual de carne é insustentável
    Oct 18 2025

    O Brasil tem o maior rebanho bovino comercial do mundo: são mais de 230 milhões de bois, e 44% dos animais estão nos estados da Amazônia Legal. Só o município de São Félix do Xingu, no sudeste do Pará, tem 2,5 milhões de bois, cerca de 38 cabeças de gado para cada habitante humano.

    O rebanho do país vem crescendo nas últimas décadas, e a pecuária é um dos principais vetores de desmatamento da amazônia —se calcula que 90% da área desmatada do bioma vira pasto.

    Esses são alguns dos dados reunidos pela jornalista Marina Rossi em “O Cerco”, livro recém-lançado que busca entender como a maior floresta tropical do mundo foi invadida pela pecuária e quais são as consequências ambientais e sociais desse processo.

    Neste episódio, Rossi lembra que a amazônia é fundamental para a viabilidade ambiental do Brasil e diz que a transformação do bioma em pasto conta, há décadas, com incentivos do Estado, seja por meio do financiamento a propriedades que desmatam, seja por falhas na fiscalização ambiental.

    Na entrevista, a autora também discute os desafios relacionados à redução do consumo de carne no país e defende que mudanças no comportamento dos consumidores podem ter impacto em toda a indústria.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Lucas Monteiro

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    35 m
  • Leopold Nosek: Empreendedorismo leva pessoas a competir com o próprio relógio
    Oct 4 2025

    A ficção pode ser a melhor forma de retratar a realidade, diz o psicanalista Leopold Nosek.

    Criar narrativas para dar sentido ao mundo é inevitável, ele diz, e essa é a base do que chama de método Marlow, inspirado no protagonista do romance "Coração das Trevas" e título do seu livro recém-publicado.

    "O Método Marlow: Ensaios Indisciplinares em Psicanálise" reúne ensaios recentes que abordam temas como os tipos de sofrimento psíquico relacionados ao espírito do tempo atual e textos que documentam a sua trajetória intelectual e clínica de décadas.

    Nesta entrevista, Nosek diz ver em seu consultório discursos que pouco avançam em elaborações mais abstratas, que refletem "patologias de pobreza imaginativa" –algo muito semelhante à avaliação que faz das ideologias do presente, que considera muito pouco sofisticadas.

    Para o autor, a subjetividade moldada por ideais como o empreendedorismo e a meritocracia faz com que os sujeitos, que se consideram seus próprios patrões, passem a competir com o próprio relógio: todos têm que ser campeões, ele diz, e, ao mesmo tempo, vivemos em um mundo cada vez mais marcado pelo medo e pela incerteza.

    Nosek também discutiu a atualidade da psicanálise. Para ele, não se trata de um campo anacrônico ou ultrapassado, mas de uma prática que, em vez de interpretar sonhos, pode ajudar os pacientes a construir sonhos em um mundo sombrio.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    42 m
  • Ernesto Mané: Fui à África para reconstruir minha identidade
    Sep 20 2025

    O racismo é uma forma de estruturar o mundo e é integral à constituição da sociedade brasileira, diz o físico e diplomata Ernesto Mané.

    No seu livro de estreia, o autor registra como a discriminação racial o acompanhou em toda a sua trajetória —e se entrelaça com a história do seu pai, nascido na Guiné-Bissau, e do próprio colonialismo que se impôs sobre o país e sobre o continente africano.

    Mané, nascido em João Pessoa, tinha feito o doutorado em física em Manchester, no Reino Unido, e um pós-doutorado em Vancouver, no Canadá, quando embarcou para a Guiné-Bissau para conhecer o país e a família do pai, figura ausente em boa parte da sua vida.

    O diário que ele manteve na viagem, em 2010 e 2011, deu origem a "Antes do Início", que registra seus esforços para conhecer seu passado familiar e reconstruir sua própria identidade.

    Neste episódio, o convidado fala sobre o que a escrita oferece para lidar com o terreno da memória, explica por que resolveu publicar seu diário quase 15 anos depois da viagem à Guiné-Bissau e conta o que descobriu sobre o pai, morto em 2014.

    • Produção e apresentação: Eduardo Sombini
    • Edição de som: Raphael Concli

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    47 m
  • [Conteúdo Patrocinado] Podcast ‘Pra Falar de Educação’ aborda a importância de fortalecer a Educação de Jovens e Adultos
    Sep 18 2025

    A educação é um direito garantido por lei, mas muitos brasileiros ainda não conseguem concluí-la. No país, quem tem 25 anos ou mais estudou, em média, 10,1 anos —abaixo do ciclo completo da educação básica. O abandono escolar gera grandes prejuízos, mas a Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem mostrado caminhos para transformar histórias de vida e abrir novas perspectivas no mercado de trabalho.

    É o caso de César Teixeira, personagem do episódio "Educação de Jovens e Adultos: Desafios e Possibilidades", o último da série "Pra Falar de Educação". Após abandonar a escola, Teixeira retomou os estudos pela EJA do SESI-SP, conquistando o diploma, autoestima e uma nova profissão.

    Especialistas alertam que os impactos da pandemia, o cansaço dos estudantes e a redução de políticas públicas para a EJA dificultam a permanência e ampliam desigualdades. O episódio mostra como a retomada dos estudos pode mudar vidas, e também expõe a urgência de fortalecer a modalidade no Brasil.

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    51 m