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De: RFI Brasil
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Entrevistas e reportagens com especialistas sobre as novas pesquisas e descobertas na área da saúde, controle de epidemias e políticas sanitárias.France Médias Monde Ciencia
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  • Conheça Snoopy, o cão que alegra o dia a dia de pacientes com câncer em hospital de Paris
    Aug 12 2025

    Desde 2022, Snoopy, um simpático setter inglês, faz parte do cotidiano do Instituto Curie, que atende pacientes com câncer. Ele atua em tempo integral, acompanhando pacientes e profissionais de saúde, ajudando a reduzir o estresse e a ansiedade provocados pelos exames e tratamentos.

    A enfermeira e cientista francesa Isabelle Fromantin trabalha na unidade de "Feridas e Cicatrização" do instituto parisiense. Ela é coautora do livro Snoopy, um cão que faz bem, publicado pela editora Solar, e divide a “guarda” do animal com sua equipe, que o acolhe à noite e nos finais de semana.

    “Colocamos o projeto em prática sem grandes dificuldades, pois já havíamos trabalhado com cães na detecção do câncer. Conhecíamos veterinários, especialistas em etologia e educadores caninos que nos ajudaram. Também abordamos questões relacionadas à higiene”, explica.

    Snoopy é acompanhado de perto por um veterinário, toma banho com mais frequência do que outros cães e utiliza um vermífugo mais potente. Ele não pode entrar no quarto de pacientes que estão com as defesas do organismo enfraquecidas, mas pode interagir com pacientes em fim de vida.

    Melhora da autoestima, humor e empatia

    Estudos mostram que a interação com animais pode favorecer o desenvolvimento da empatia e da autoestima, contribuindo para o bem-estar geral dos pacientes.

    Entre os principais efeitos observados estão a melhora no humor, o estímulo à comunicação, o fortalecimento de vínculos afetivos e o incentivo à participação em atividades terapêuticas.

    No dia 11 de julho, quatro deputados franceses apresentaram uma proposta de lei na Assembleia Nacional com o objetivo de regulamentar a prática da mediação animal. A enfermeira francesa lembra que 60% dos lares franceses têm um bicho de estimação, mas ressalta a alta taxa de abandono.

    “Sim, existe um entusiasmo em torno dessas terapias, uma grande demanda, mas a resposta precisa ser estruturada para que o animal esteja bem e traga os benefícios esperados”, orienta.

    A reportagem do programa Priorité Santé, da RFI, acompanhou o trabalho de Snoopy no instituto francês de oncologia. Quando o cachorro chega à sala de espera, é recebido com entusiasmo. Aurore, que vai ao centro a cada quatro meses para exames de controle, lembra da primeira vez que o viu.

    "É relaxante encontrar um animal calmo e gentil"

    “Todo mundo se jogava em cima dele, então fiquei só observando, mas foi um prazer encontrar o Snoopy!”, comenta.

    “Aqui estamos em uma situação particularmente excepcional, e isso muda o estado de espírito, focado no tratamento, na radioterapia e na quimioterapia, que são bem pesados. Por isso, é relaxante encontrar um animal calmo e gentil. Vivemos situações difíceis, e isso transforma o cotidiano no estabelecimento, marcado pela frieza”, completa a paciente.

    “Nós observamos que uma relação se estabelece entre os pacientes em torno de um assunto comum, que é o Snoopy”, observa o enfermeiro Maxime Chéron, um dos responsáveis pela ponte entre o animal e os pacientes.

    Segundo Isabelle Fromantin, Snoopy também ajuda os profissionais que lidam diariamente com casos graves. Ela ressalta que o cão não é um “terapeuta”, mas apenas um auxiliar. Por esse motivo, a atividade que o envolve não pode ser considerada uma prática de mediação animal.

    “É interessante ver como ele foi adotado como um colega de trabalho. Quando passamos com o Snoopy pelo corredor, os profissionais o cumprimentam como se fosse gente e não deixa de ser engraçado ver as pessoas cumprimentarem um cachorro. Afinal, ele continua sendo um cachorro”, conclui.

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  • Instituto francês aposta em avanços da medicina nuclear para diagnosticar e tratar cânceres
    Jul 8 2025

    As novas técnicas de medicina nuclear garantem mais precisão no diagnóstico e no tratamento, e já beneficiam diversos pacientes no Instituto francês Gustave Roussy, em Villejuif, nos arredores de Paris. O centro, que é uma referência mundial no combate ao câncer, pretende expandir esses procedimentos para vários tipos de tumores malignos, como os da próstata, da mama e do sistema digestivo.

    Taíssa Stivanin, da RFI em Paris

    Durante muito tempo, as técnicas da medicina nuclear foram usadas principalmente para detectar e tratar cânceres da tireoide, mas os avanços tecnológicos ampliaram as possibilidades terapêuticas.

    Nos corredores do Instituto Gustave Roussy, Désirée Deandreis, especialista em medicina nuclear aplicada à oncologia e chefe do setor, não esconde sua empolgação diante da imprensa, convidada para uma visita ao centro. Ela cita casos de pacientes que serão ou já foram tratados pelas novas terapias que utilizam a radioatividade. Para alguns deles, elas representam a última esperança de sobrevida.

    O instituto também comemora a dupla autorização da Agência Regional de Saúde e da Autoridade de Segurança Nuclear e Radioproteção da França para testar as novas opções terapêuticas já na fase 1 de ensaios clínicos com humanos.

    O centro tem o privilégio de aliar pesquisa clínica e aplicada, permitindo que, em determinadas situações, os pacientes se beneficiem com segurança de tratamentos que ainda não passaram por todas as etapas de validação científica.

    No caso da medicina nuclear, isso significa, na prática, que pela primeira vez novos radiofármacos poderão ser administrados no homem. Em janeiro de 2025, uma paciente com câncer de mama pôde, por exemplo, ser tratada com essas substâncias, uma possibilidade até então inédita.

    Os radiofármacos são moléculas marcadas por elementos radioativos que reconhecem receptores, enzimas ou outras proteínas no organismo. Eles atingem as células cancerígenas com uma precisão única, poupando os tecidos saudáveis.

    A detecção precoce e a localização do alvo tumoral são possíveis graças às novas técnicas de imagem que utilizam os chamados traçadores radioativos, que também podem ser usados para destruir o câncer.

    “A ideia é testar novas moléculas para vários tipos de câncer. Por ora, os tratamentos se restringem aos cânceres raros e de próstata. Começamos também a utilizá-los em cânceres de mama e, neste inverno (na Europa), vamos testá-los nos cânceres digestivos. Queremos também detectar doenças que ainda não contam com opções terapêuticas. A meta é desenvolver pesquisas e encontrar moléculas eficazes”, explicou Désirée Deandreis.

    As novas terapias com elementos radioativos também podem ser associadas a outras já existentes, como a quimioterapia ou a imunoterapia. “Não podemos esquecer da toxicidade, que é importante para a qualidade de vida do paciente”, lembra a especialista francesa. “Graças ao teranóstico (terapia e diagnóstico), somos capazes de selecionar o paciente e tratá-lo com a molécula mais adequada ao seu caso.”

    Novos radiofármacos

    A radiofarmácia do centro de medicina nuclear do Instituto Gustave Roussy é coordenada pela radiofarmacêutica Lison Ferréol. Antes de visitar o local, é necessário vestir roupas especiais para evitar qualquer tipo de contaminação radioativa e utilizar um medidor para verificar o nível de radiação.

    Segundo ela, os radiofármacos têm diferentes funções e são usados em diagnósticos e terapias. Podem, por exemplo, aliviar a dor de metástases ósseas, tratar tumores neuroendócrinos, de próstata ou da tireoide. Também são utilizados para mapear o metabolismo da glicose em exames como o TEP (tomografia por emissão de pósitrons), que permite identificar o estágio do câncer.

    “O princípio da medicina nuclear é sempre o mesmo: temos um vetor que não é radioativo e que permite levar a radioatividade até o local desejado, integrando-se a um metabolismo fisiológico ou patológico”, explica.

    “O objetivo, no fim, é visualizar as células cancerígenas nos exames de imagem, para identificá-las, tratá-las e destruí-las, quando utilizamos radionuclídeos que emitem radiações destrutivas.”

    Neste contexto, Désirée Deandreis também destaca a importância da personalização da trajetória do paciente. “Com a ajuda da pesquisa fundamental e aplicada, podemos entender melhor os fatores que influenciam as respostas dos pacientes, como a radioresistência, que é a capacidade de uma célula, tecido ou organismo de resistir aos efeitos da radiação ionizante. A meta é obter mais informações que nos ajudem a escolher os tratamentos com ainda mais precisão”, conclui.

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  • Como prevenir as dores nas juntas? Especialista francês explica como evitar artrite e outras doenças
    Jun 24 2025

    O corpo humano é formado por centenas de articulações. Esses sistemas complexos são cercados por músculos, tendões e formados por ossos, cartilagens, ligamentos, discos, membranas, líquidos e outros componentes, que permitem a fluidez do movimento. Com o passar do tempo, as juntas sofrem desgaste, aumentando o risco de lesões, dores ou doenças crônicas, explica o especialista francês Francis Berenbaum, coordenador do setor de Reumatologia do hospital Saint-Antoine, em Paris.

    O médico lembra que as dores no corpo podem ter diferentes origens. “Pode ser uma lesão no tendão, que não atingiu a articulação. Neste caso, é uma tendinite, mas a pessoa mesmo assim vai sentir dor. Ou então uma capsulite, que limita a mobilidade da articulação, causa muita dor, sempre tem cura, mas demora para passar”.

    Os sintomas dessas doenças, explica, podem ser parecidos com os da artrite e os da artrose. “A artrose aparece com a idade. Isso não significa que só atinja pessoas idosas: pode começar por volta dos 40 ou 50 anos. A articulação aos poucos é afetada, e há um desaparecimento da cartilagem. O processo envolve todos os tecidos das articulações”, diz.

    Já a artrite, explica, é uma inflamação que pode aparecer até mesmo na infância e se desenvolver de diferentes formas ao longo da vida. Em todos os casos, os pacientes em geral consultam porque estão sentindo dor ou porque sentem perda de mobilidade.

    Regra é manter a mobilidade

    Para diminuir o desconforto e preservar as articulações, o movimento é fundamental. A dica vale também para os idosos. “O problema é que se não fazemos isso, a tendência é nos movimentarmos cada vez menos e termos cada vez menos vontade de nos movimentarmos”.

    Alguns pacientes, ressalta, têm um maior risco de desenvolver artrose. “O sobrepeso e a obesidade são fatores importantes, principalmente em relação à artrose do joelho, que é a parte do corpo mais atingida. Há também o sedentarismo. Quando a gente não se movimenta, as articulações acabam enrijecendo. E quando isso acontece, ficam ainda mais doloridas”.

    O sedentarismo gera, desta forma, um círculo vicioso que leva a uma diminuição dos movimentos e ao aumento da dor. O contrário também acontece. Às vezes o corpo é tão solicitado que as contusões e lesões são frequentes.

    É o caso de Mateo Gouze, bailarino de 18 anos da Ópera de Paris, que integra o corpo de baile desde 2023. Ele voltou para as aulas de balé há duas semanas, mas ainda economiza nos saltos. “Eu me contundi em março, depois de um dia de muito ensaio. Durante um salto eu caí e bati muito forte no pé. O choque gerou um edema e a cartilagem foi atingida. Desde então estou parado e fazendo fisioterapia”, contou à reportagem do programa Priorité Santé, da RFI.

    Os exercícios propostos pelo fisioterapeuta Nicolas Brunet envolvem principalmente o reforço da panturrilha e a estabilidade do tornozelo.

    Exercícios de força muscular

    Em todos os casos, o treinamento que envolve força muscular sem impacto é essencial para proteger as articulações. “Não apenas para os bailarinos. Esta é a chave do tratamento, para que as articulações se estabilizem: fortalecer os músculos que as rodeiam. Tudo isso fará que, quando nossas articulações forem mobilizadas, elas estarão no eixo correto. Por isso é tão importante ter bons músculos e por isso os exercícios físicos são tão importantes”.

    Ele lembra, entretanto, que é necessário ter orientação. Começar a se exercitar de uma hora para outra pode ser perigoso e provocar sérias lesões.

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