Novo tarifaço de Trump torna indústrias europeias menos competitivas e pode elevar o desemprego Podcast Por  arte de portada

Novo tarifaço de Trump torna indústrias europeias menos competitivas e pode elevar o desemprego

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O novo regime tarifário de 15% imposto pelo presidente americano, Donald Trump, sobre a maioria dos produtos europeus entrou em vigor nesta quinta-feira (7). As indústrias do bloco mais atingidas pelas tarifas serão menos competitivas nos Estados Unidos (EUA) e reclamam que terão que dar muito em troca de pouco retorno. O novo acordo comercial está provocando diferentes interpretações dos dois lados do Atlântico, e isso poderá levar a uma escalada tarifária. Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas O preço a pagar por uma suposta estabilidade transatlântica terá um impacto direto nas indústrias da União Europeia (UE). As empresas do bloco estão preocupadas e continuam fazendo os cálculos dos efeitos negativos que as tarifas de 15% impostas pelo presidente americano, Donald Trump, poderão provocar. O aço e o alumínio enfrentam uma alíquota separada de 50%. As consequências do tarifaço não serão imediatas, porém sentidas a médio prazo. As indústrias vão sofrer prejuízos com a queda da exportação de seus produtos e, claro, terão lucros reduzidos. Um dos primeiros impactos negativos deverá ser um aumento do desemprego, já que os produtos da UE vendidos nos EUA se tornarão mais caros e menos competitivos. Isso poderá resultar em uma queda nas vendas e, consequentemente, no corte de milhares de empregos no bloco. Na França, a gigante de cosméticos L’Oréal, que gera quase 40% do seu volume de negócios nos EUA, e a multinacional farmacêutica Sanofi têm sinalizado a intenção de transferir parte de suas produções para solo americano a fim de evitar as tarifas elevadas. Este movimento poderá gerar um duplo efeito sobre o emprego, explica o economista belga Bruno Colmant. “Se indústrias da União Europeia mudarem parte de suas produções para os Estados Unidos, os trabalhadores americanos substituirão os trabalhadores europeus, e isto contribuirá para a desindustrialização da Europa”, ressalta. Conta de energia mais alta O aspecto energético do pacto entre os Estados Unidos e União Europeia é bastante sério. O acordo prevê que os europeus comprem US$ 750 bilhões em produtos energéticos americanos – gás, petróleo e energia nuclear – nos próximos três anos. Bruxelas tenta dar uma impressão otimista ao enfatizar que assim haverá menos dependência energética da Rússia ou dos países árabes. No entanto, especialistas advertem que os europeus vão pagar mais caro pela energia se os EUA decidirem aumentar os preços no futuro. Além disso, as compras maciças de gás e petróleo americano poderão comprometer as metas climáticas da UE. Em resumo, o dinheiro dos consumidores europeus que poderia ser investido na transição energética será sacrificado em favor da aquisição de combustíveis fósseis americanos, fontes altamente poluidoras. Leia tambémNa Europa, nos EUA ou no Brasil, falta mão de obra para a transição energética Na quarta-feira (6), Trump ameaçou aplicar tarifas de 35% se a União Europeia não cumprir a promessa de investimento no valor de US$ 600 bilhões em empresas americanas. No entanto, a Comissão Europeia não tem capacidade para realizar investimentos em nome do setor privado. Pouco antes da meia-noite, Trump afirmou nas redes sociais que bilhões de dólares começariam a entrar nos EUA como resultado das tarifas. Prorrogação e desafios Enquanto Bruxelas acaba de anunciar a suspensão das retaliações comerciais contra as tarifas dos EUA por seis meses, governos europeus enfrentam desafios e discutem como limitar o prejuízo da guerra tarifária. Analistas acreditam que o raciocínio em Bruxelas é evitar que Trump se retire da aliança militar transatlântica, a Otan, e ponha um fim ao apoio à Ucrânia. A Alemanha, maior economia da Europa, é um dos países do bloco mais atingidos pelas novas tarifas de 15%. O governo alemão está sendo forçado a repensar seu modelo econômico baseado na exportação. Para se ter uma ideia do tamanho do estrago, só no setor automotivo, estima-se que cerca de 300 mil empregos poderão ser afetados com o tarifaço. Esta semana, Trump falou em impor tarifas de até 250% sobre as exportações farmacêuticas da Europa, poucos dias após garantir que estas mesmas taxas seriam de 15%. Se a nova promessa do presidente americano for levada ao pé da letra, a Irlanda estará em apuros. Além de sediar a maioria dos grandes nomes do comércio farmacêutico global, o maior volume das exportações irlandesas para os EUA é de produtos farmacêuticos.
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