Guiné-Bissau 50 Anos  Por  arte de portada

Guiné-Bissau 50 Anos

De: RFI Português
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  • Acompanhe aqui as reportagens com os actores que fizeram a independência da Guiné-Bissau e o olhar da juventude sobre o país 50 anos volvidos.

    France Médias Monde
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  • Guiné-Bissau assinala 50 anos da independência: recordar o início da luta armada
    Nov 16 2023
    A Guiné-Bissau comemorou a 24 de Setembro os 50 anos da sua independência, efeméride assinalada de forma solene a 16 de Novembro. Neste quadro, a RFI volta a difundir uma reportagem de uma série realizada em Setembro passado acerca deste evento, entrevistas alusivas à História do país e em particular ao período da luta de libertação. Tratava-se de uma reportagem efectuada sobre o início da luta armada.Nos finais dos anos 50 e início da década de 60, numa altura em que tanto os vizinhos Senegal como a Guiné Conacri tinham acabado de alcançar as suas respectivas independências, tornava-se cada mais evidente para os sectores independentistas da Guiné-Bissau que o país deveria igualmente libertar-se da tutela do colonialismo português.Em 1961, um movimento concorrente do PAIGC, o MLG -Movimento de Libertação da Guiné- efectua actos de sabotagem no norte do país, mas o envio de reforços militares portugueses inibe veleidades de novos ataques. Cenários já vistos que Cabral pretende evitar segundo Julião Soares Sousa, historiador guineense ligado ao centro de estudos interdisciplinares da Universidade de Coimbra. "Há uma data que é o início da luta feita pelo MLG que faz ataques nos norte da Guiné em Julho de 61 e que provocou até uma certa preocupação a Amílcar Cabral porque ele pensou que se o MLG ocupasse o norte da Guiné, nós íamos ter uma situação muito idêntica àquilo que estava a acontecer em Angola. Naquele país, com a UPA-FNLA a ocupar parte do norte de Angola, o MPLA teve muitas dificuldades em infiltrar os seus homens para o interior de Angola", nota o estudioso.Será preciso esperar 1963 para que, após uma minuciosa preparação, com a entrega de armas e formação de combatentes, o PAIGC lance um primeiro ataque contra o quartel de Tite, no sul da Guiné-Bissau, dando início a uma guerra que só terminaria formalmente com o reconhecimento da independência do país por Portugal em 1974. Iancuba Ndjai, político guineense, antigo aluno da escola piloto de Cabral e antigo membro da aviação das forças independentistas, fala dos bastidores dessa preparação à guerra."Amílcar Cabral foi obrigado a pensar em termos militares. Os primeiros escritos de Amílcar Cabral sobre a problemática militar foi em 1962, quando decidiu criar dois grupos, uma acção política e outra militar. Daí surgiu a guerrilha, a guerrilha como uma componente da luta armada e que estava circunscrita a localidades concretas. Mas em 1964, reúne-se o congresso do PAIGC e Amílcar Cabral cria as FARP, Forças Armadas Revolucionárias do Povo, que seriam o principal instrumento material da conquista da independência nacional", sublinha o responsável político.O recrutamento de forças faz-se em todo o lado, no campo, na cidade, fora do país. Todos têm um familiar preso ou envolvido na luta. Foi o caso do escritor guineense Ernesto Dabo que se envolveu nesse combate em Portugal na clandestinidade, no início dos anos 70. "A situação em que estávamos a viver era inumana, injusta e nenhum indivíduo que crescesse, que evoluísse do ponto de vista cultural podia suporta uma situação daquelas com indiferença. Isto foi determinante porque eu tive a sorte de viver em Portugal com gente que não me fez sentir discriminado como era regra noutros países. Vivi normalmente com muita gente (...), de maneira que isso, contrariamente àquilo que poderia ter acontecido, eu me alienar e pensar que era de lá e que tinha outros privilégios e que já não era da Guiné-Bissau, ajudou-me a perceber que a qualidade de vida que eu via lá, a atitude de respeito de mútuo que eu vivia lá, eu pensei que tinha que ter isso também no meu país", conta o autor. A necessidade imperiosa de liberdade e de perspectivas de futuro também levaram José Turé, antigo militar e antigo representante do PAIGC no estrangeiro, a combater as forças portuguesas. "Entrei na luta de libertação por haver tanto movimento africano nessa altura. Todos os jovens tinham a aspiração de se libertar. Eu pensava estudar. Infelizmente, não consegui e fiz os estudos mais tarde. Tínhamos muitas limitações. Primeiro, tínhamos dificuldade em integrar-nos na sociedade portuguesa, segundo, não podíamos ir mais longe nos estudos. Então, um dia consegui falar com uns colegas. Eles disseram 'se pretende ir lá, não fazia mal'. Eu ofereci-me voluntariamente" conta o antigo combatente.O general Fodé Cassamá, entrou também na guerra muito jovem, aos 17 anos. "Precisávamos de ser livres, estar fora do colonialismo. O papel da juventude era muito necessário. Foi o que me motivou a entrar na luta de libertação, como cidadão deste país", refere o militar que, ao recordar o ambiente que se vivia na frente luta, conta que "se vivia em camaradas, segundo a situação que se apresentava" e que "era normal porque precisavam da independência".Podem ver e ouvir na íntegra da entrevista do escritor Ernesto ...
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  • 50 anos da independência da Guiné-Bissau: as gerações seguintes e o legado da luta
    Sep 24 2023
    A Guiné-Bissau comemora este domingo os 50 anos da sua independência. Neste quadro, a RFI propôs ao longo da semana uma série de reportagens e entrevistas alusivas à História do país e em particular ao período da luta de libertação. Hoje, no 14° capítulo desta série, focamos a nossa atenção sobre a geração que veio a seguir à independência e o olhar que tem sobre o seu país e o legado da luta de libertação. Ao saudarem o combate conduzido pelas gerações anteriores para conquistar a independência do seu país, o activista Sumaila Djalo, o antropólogo e dirigente da ONG Tiniguena, Miguel de Barros, assim como a cantora e jornalista guineense Karyna Gomes, não deixam de questionar os efeitos dos sobressaltos destes 50 anos sobre o desenvolvimento da Guiné-Bissau. O olhar também é crítico em relação à forma como Portugal se posiciona ainda hoje relativamente à Guiné-Bissau e às restantes antigas colónias. Emerge a partir destas constatações a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento e de relacionamento com o mundo.Olhares críticos sobre a situação vicenciada na Guiné-BissauEntrevistada em Portugal onde reside, Karyna Gomes que conviveu de forma íntima com o legado da libertação por pertencer à família de Amílcar Cabral, diz ter um misto de sentimentos relativamente ao caminho seguido pelo seu país depois da independência."Cresci com orgulho de ser sobrinha-neta de Amílcar Cabral que fui descobrindo ao longo da minha história; fui descobrindo primeiro pelas histórias que me contavam em casa, depois na escola, na formação militante e, mais tarde, como profissional a trabalhar na Guiné-Bissau, conhecendo o interior e descobrir que realmente Cabral não podia não se ter apaixonado pela causa do povo guineense e não ter feito a luta que fez (...). Cresci com isso, estou a viver com isso, mas por outro lado, a dor, a frustração de uma luta tão gloriosa, um processo tão glorioso ter sido abortado a uma determinada altura".Também a residir actualmente em Portugal onde prossegue os estudos, o activista Sumaila Djalo também observa a história do seu país com algum cepticismo. Após recordar os principais episódios de violência que houve no país, com golpes de estado, perseguições e assassinatos, o activista refere que a construção da Guiné-Bissau resultou de "processos com muitas tensões, com muitas diferenças que ainda hoje marcam o percurso da Guiné-Bissau. Mas são tensões que embora não sejam acontecimentos desejados no percurso do nosso país, são em todo o caso normais no percurso de uma Nação que surgiu de uma luta que surgiu com muitas desavenças".Embora Sumaila Djalo considere que não é necessário haver consenso em tudo e que até é um indício de uma democracia saudável, ele também alerta para os riscos inerentes à radicalização de posições. "As diferenças não se devem radicalizar ao ponto de não nos podermos entender, de não podermos dialogar e estabelecermos prioridades para em conjunto construirmos um país em que vivamos de forma pacífica", sublinha Sumaila Djalo para quem interesses particulares se sobrepuseram, a dada altura, ao interesse colectivo da população do seu país ."Muitas vezes, essas diferenças radicalizadas que impedem a priorização de um projecto de construção do país, surgem de interesses localizados, de interesses que nada têm a ver com a prioridade da construção da Guiné-Bissau. Esses interesses localizados, esses interesses que não são partilhados, esses interesses que impedem o avanço do nosso país têm que ser combatidos".Igualmente crítico sobre a evolução do país nestes 50 anos que acabam de passar, Miguel de Barros, dirigente da ONG Tiniguena, evoca um sentimento de orgulho pelo processo de emancipação "com muita dignidade" da Nação guineense e ao mesmo tempo um sentimento de frustração pelo fracasso dos modelos de desenvolvimento que se tentaram aplicar. "Há um sentimento de desalento, há um sentimento de sonho não cumprido, porque o país tinha tudo para ser um país próspero, para ser um país de bem-estar, para ser um país de dignidade e o país não consegue alcançar essas metas exactamente à conta daquilo que foram as derrapagens ideológicas e com consequências ao nível da governação que colocou a Guiné-Bissau numa situação de fragilidade do Estado e completamente vulnerável a situações, como por exemplo, de crime organizado, o narcotráfico e, ao mesmo tempo, colocando a Guiné-Bissau numa situação de dependência externa", aponta o activista social.A nova geração também tem um olhar crítico sobre Portugal50 anos depois da independência da Guiné-Bissau, resta também muito caminho a percorrer do lado de Portugal. Do outro lado do oceano, a antiga potência colonial continua a alimentar mitos sobre a sua História em África do ponto de vista de Karyna Gomes. "A forma paternalista de cooperação, a forma como se ...
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  • 50 anos da independência da Guiné-Bissau: os sonhos por cumprir da geração da luta
    Sep 23 2023
    A Guiné-Bissau comemora este domingo os 50 anos da sua independência. Neste quadro, a RFI propôs ao longo da semana uma série de reportagens e entrevistas alusivas à História do país e em particular ao período da luta de libertação. Hoje, no 13° capítulo desta série, evocamos o balanço destes 50 anos com a geração que participou ou foi testemunha directa da libertação do país. Embora considerem que a luta valeu a pena, uma vez que resultou na independência do país e na possibilidade de os seus concidadãos decidirem o rumo que querem colectivamente tomar, os protagonistas da guerra de libertação não deixam de dar conta de algumas decepções.Francisca Pereira, antiga diplomata e professora na escola-piloto de Amílcar Cabral, considera que não se cumpriu completamente o sonho que norteou a sua luta. "Não chegou até agora a suceder o sonho de Amílcar Cabral, porque o Amílcar para nos sensibilizar, sobretudo as jovens gerações, sempre nos dizia que temos que assegurar e nos engajar para que o país se liberte do jugo colonial (...). Temos tudo o que pode dar do bom e do melhor. Amílcar sempre dizia que 'o nosso país é rico'. Tem chuva e o nosso mar está cheio de peixe. Na agricultura, não precisamos de importar. Nós exportávamos arroz para Moçambique e tínhamos grande possibilidade de criação de animais e não só. Tínhamos já descoberto os minérios (...) Confundimos o amor, o desenvolvimento do país, com as nossas posições políticas. Muda a política, muda até a intervenção" lamenta a antiga combatente para quem se deveria "dar continuidade ao bem e ao progresso do povo".Também na óptica do jurista e universitário guineense Fodé Mané estes 50 anos não têm sido um êxito, mas ele não deixa de observar que tem havido uma maior tomada de consciência da população guineense."Não está a ser um êxito nem está a correr como estava previsto (...). Houve retrocessos até porque os primeiros 7 anos depois da proclamação da independência, sabe-se que houve alguma implementação de alguns ideais. Depois, houve interrupção daquele ideal da Guiné e de Cabo Verde porque mexia com determinadas sensibilidades. Cada país começou a caminhar isoladamente a partir de 1980. De 1980 a 1986 foi uma época em que se viu que acabou o período de graça. Aquela generosidade da comunidade internacional com um país recém-criado acabou depois de 1980. Começou-se a conhecer quais são os esforços, qual é o fardo de procurarmos ser autónomos" analisa Fodé Mané que por outro lado dá conta de uma necessidade de reconciliação interna neste país moldado pela luta e pela violência. "Não houve um processo de catarse, de tentar curar aquele sofrimento para promover um desenvolvimento mais inclusivo", considera o estudioso."Nestes 50 anos, esta espiral de violência fez com que todos nós nos tornássemos vítimas e carrascos e responsáveis por esta situação. Isto constituiu um certo entrave ao desenvolvimento. Mas o tempo tem jogado (a nosso favor). A maturidade, a consciência do povo tem estado a subir. Nós vimos que há um ano tivemos um regime que tinha tudo. Mas foi para as eleições que ele organizou e o resultado foi diferente. O povo exprimiu-se contra o próprio regime. Isto mostra uma certa evolução da consciência da cidadania, da consciência cívica. Não se apela agora à violência como forma de resolver os problemas", observa o jurista e activista.A violência que marcou a história destes 50 anos também leva o antigo combatente da guerra de libertação, o general Fodé Cassama, a apelar para a necessidade de sarar as feridas do passado e privilegiar o diálogo para o país retomar a via do progresso. "Talvez pode não ser na altura da nossa vida, mas o país vai arrancar. Mas é preciso que cada um meta na mente que o país é nosso, pertence a nós todos. Não é necessário pensar que 'sem mim, o país não pode andar'. Nós todos devemos dar as mãos e esquecer o passado porque o tempo que perdemos é muito. Perdemos um longo tempo que não permitiu o desenvolvimento do país.", considera o antigo militar.Ao fazer igualmente um apelo à tolerância, o escritor guineense Ernesto Dabo faz um balanço menos sombrio do resultado da luta de libertação, preferindo destacar que a independência da Guiné-Bissau acabou por ser o catalizador, alguns meses depois, da revolução do 25 de Abril e também da emancipação dos povos em termos de direito internacional."Não me parece que o 25 de Abril pudesse surgir se não houvesse revoltas nas colónias no período em que surgiram. Também não me parece que a conclusão da guerra teria sido mesmo tipo se não tivesse havido o 25 de Abril. Isto é para demonstrar que havia um processo em que vários intervenientes, cada um no seu espaço, foi evoluindo até se chegar a este fim", refere o autor que também participou na luta de libertação através da acção clandestina em Portugal...
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