Exposição “Amazônias”: povos indígenas e museu francês de Lyon constroem novo olhar sobre a floresta Podcast Por  arte de portada

Exposição “Amazônias”: povos indígenas e museu francês de Lyon constroem novo olhar sobre a floresta

Exposição “Amazônias”: povos indígenas e museu francês de Lyon constroem novo olhar sobre a floresta

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A exposição "Amazonies" (Amazônias) no Museu das Confluências, em Lyon, sudeste da França, é uma iniciativa que busca apresentar uma visão multifacetada e contemporânea da Amazônia e de seus povos. A curadora Marie-Paule Imberti realizou um ciclo de viagens para a produção da mostra, em cartaz até 8 de fevereiro de 2026.

Patrícia Moribe, enviada especial da RFI a Lyon

Responsável pelas coleções das Américas e do círculo polar da instituição, Imberti explica que a exposição é fruto de pesquisas iniciadas em 2018 para a constituição de uma coleção material e imaterial, em parceria com populações indígenas. A ideia central era formar essa coleção e "trabalhar e tecer laços com os parceiros", afirma.

A mostra tem como um de seus principais objetivos apresentar o trabalho feito junto a quatro povos indígenas do Brasil: os Mebêngôkre (Kayapó), os Ashaninka, os Wayana e os Aparai.

Imberti enfatiza a importância de "mudar os estereótipos e mostrar que essas culturas são dinâmicas, vivas, que têm coisas a reivindicar, a nos dizer". Essa intenção de desmistificar e humanizar a Amazônia é um ponto crucial, como destaca Shatsi Piyako, representante Ashaninka, que inicialmente temia que o projeto se tornasse "um cemitério" de seu povo, mas se sentiu "tranquilizada" ao perceber "um outro olhar, vivo" no museu.

Ao conceber a exposição, Marie-Paule Imberti e sua equipe pensaram em um público amplo, incluindo crianças. A mostra é "realmente destinada a um público familiar", e os visitantes podem mergulhar em um "universo sonoro" da natureza e dos animais.

Constituição da coleção e missões de campo

Segundo Imberti, "a maioria das peças é proveniente da coleção que constituímos no terreno com eles". Os objetos foram adquiridos diretamente junto às populações e os vídeos e fotografias foram realizados durante as missões de campo. No total, cerca de 500 objetos foram adquiridos e trazidos para a França, dos quais 220 estão expostos. Algumas peças de coleções arqueológicas foram obtidas por meio de empréstimos.

As missões de campo foram realizadas por Marie-Paule Imberti em parceria com Serge Guirot, presidente da associação Jabirou Prod, videomaker e fotógrafo com vasta experiência na região. As viagens aconteceram ao longo de três anos, com cada missão durando entre três semanas e um mês.

A equipe visitou, em 2018, os Mebêngôkre (Kayapó); em 2019, os Ashaninka, na região próxima à fronteira com o Peru; e, em 2022, os Wayana e os Aparai, no extremo norte, próximos à fronteira com a Guiana Francesa, após uma pausa provocada pela pandemia de Covid-19.

Marie-Paule Imberti ressalta que as missões no Brasil foram realizadas "com o acordo e a colaboração dos habitantes das diferentes aldeias e da FUNAI (Fundação Nacional dos Povos Indígenas)".

Apesar de ser destinada a um público amplo, a exposição consegue mostrar as caracteristidas dos três povos distintos, explicando origens, tradições, e reivindicações. A programação, iniciada em abril, contou com a presença de representantes da comunidade Ashaninka, discussões sobre ecologia, concerto de carimbó, show de boi bumbá e prevê ainda concertos para o mês de novembro.

"Amazônias", no museu Confluences, faz parte da Temporada França Brasil 2025.

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