Episodios

  • #354 Direita em crise, antissemitismo em alta
    Dec 24 2025

    Há muito tempo, a direita americana vive uma disputa interna feroz, mas nos últimos meses essa briga ficou escancarada. A entrevista de Tucker Carlson com Nick Fuentes, um nacionalista branco, antissemita e referência da alt-right, acendeu um alerta não só nos Estados Unidos, mas em vários países que costumam reverberar as tendências políticas americanas. De um lado, temos a direita institucional, que tenta manter distância do extremismo. Do outro, um ecossistema radicalizado que usa teorias conspiratórias, revisionismo histórico e antissemitismo como pilares de identidade. E essa disputa não fica só lá: ecos desse processo já aparecem aqui no Brasil, em influenciadores, grupos ultranacionalistas, conspiracionistas e até segmentos que tentam reempacotar discursos extremistas em linguagem de “patriotismo” ou de “anti-globalismo”A ascensão de Fuentes e sua influência entre parte da direita americana não é só sobre política nos EUA, é um alerta sobre como narrativas radicais podem se disseminar. No Brasil, especialmente nas últimas décadas, elegemos olhares cada vez mais polarizados, visões ultraconservadoras misturadas com nacionalismo, nostalgia autoritária, xenofobia, e até negação histórica. A pergunta é: será que há uma ponte intencional ou orgânica — entre essa “nova direita radical” dos EUA e centros extremistas ou influências similares no Brasil? Para conversar com a gente sobre o tema, nós convidamos o Renato Levin-Borges, mais conhecido como Judz, que é professor de Filosofia licenciado e bacharel pela PUC-RS, mestre em Educação pela UFRGS e doutor pela mesma instituição.

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    44 m
  • #353 Chanucá e resistência
    Dec 17 2025

    Chanucá é mais do que a festa judaica das luzes, é também uma celebração profundamente ligada à resistência, à afirmação cultural e ao direito de existir mesmo quando o mundo tenta apagar quem você é. Num mundo em que pessoas negras, LGBTQIA+, indígenas e tantos outros grupos minorizados lutam por visibilidade, dignidade e sobrevivência, Chanukah vai além do símbolo religioso, abrindo espaço para iluminarmos debates que, muitas vezes, ficam na sombra. E para falar do tema, convidamos Max Guerchfeld, que cresceu no movimento juvenil Noam, onde foi madrich/educador, em 2020, e também atuou como rosh chinuch/diretor educativo e mazkir/secretário geral. Ele morou em Israel em 2023, pelo programa Shnat Hachshará, estudando e fazendo trabalho voluntário. Atualmente cursa Psicologia na PUC-SP e é Moré de Bar Mitzva, na Comunidade Shalom.

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    30 m
  • #352 Ninguém quer, segunda temporada na Netflix
    Dec 10 2025

    Se você acompanha o nosso podcast, sabe que de vez em quando gostamos de falar de filmes e séries que tratam da experiência judaica. E, depois de um ano de espera, finalmente chegou à Netflix a segunda temporada de “Nobody wants this”, ou, em português, “Ninguém quer”.Se você não lembra, ou ainda não viu, a primeira temporada da série apresenta a história do rabino Noah Roklov, que vive um dilema quando se apaixona por Joanne, uma podcaster não judia. A partir desse relacionamento, considerado pouco convencional dentro da comunidade retratada na produção, a série aborda temas como casamento inter-religioso, conversão e crise de identidade.


    Nós três assistimos à série e vamos conversar sobre o que achamos, o que mudou, o que a segunda temporada aprofunda, e se achamos que vale a pena seguir acompanhando a segunda temporada.

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    49 m
  • #351 Por dentro da COP30
    Dec 3 2025

    A crise climática é, ao mesmo tempo, um desafio científico, político e humano. Ela atravessa fronteiras, afeta comunidades inteiras e redefine as relações entre países. Mas, diante de um problema tão global, o que realmente acontece nos espaços onde esses debates deveriam ganhar forma? Como as decisões ou a falta delas, tomadas por líderes mundiais moldam o futuro de regiões como a Amazônia? As conferências climáticas nasceram da urgência de responder a essas perguntas. Mas o que acontece quando essas discussões esbarram em interesses econômicos, disputas geopolíticas e desigualdades estruturais?Na última Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP30, realizada em Belém, governos, cientistas, ativistas e comunidades tradicionais se encontraram para discutir o futuro do planeta. Muito se falou em preservação da Amazônia, em transição energética, em justiça climática. Mas o que realmente foi decidido? O que ficou só no discurso? E, sobretudo: como essas negociações internacionais impactam o Brasil, a região amazônica e populações diretamente afetadas pelas mudanças climáticas?Pra discutir tudo isso, a gente conversa hoje com o Rafael Stern, cientista na área de geociências, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Stanford, doutor pelo Instituto Weizmann, mestre pelo INPA em Manaus e geógrafo pela UFF. Ele também já trabalhou como consultor no Ministério da Agricultura de Israel.

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    47 m
  • #350 Guet: quando o casamento termina
    Nov 26 2025

    Hoje a gente vai falar sobre um tema sensível, complexo e que atravessa história, halachá e vida cotidiana: o guet, o divórcio judaico. Um processo que tem milhares de anos, mas que continua levantando questões muito atuais sobre autonomia, justiça e o papel das comunidades. No episódio de hoje, a gente quer olhar para o guet não só como um procedimento haláchico, mas como uma lente para discutir poder, igualdade, agência e cuidado. Porque, no fundo, o guet coloca perguntas difíceis: quem tem o direito de encerrar um vínculo? Como comunidades acolhem quem decide se separar? Para nos ajudar a atravessar essas camadas, convidamos o Rabino Leandro Galanternik, que estudou na Argentina e em Israel, atualmente mora em São Paulo, serve como rabino na Sinagoga Beth Jacob em Campinas, é co-presidente de Marom Olami, é casado com a rabina Fernanda e pai de duas meninas

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    33 m
  • #349 Mulheres escribas
    Nov 19 2025

    Hoje a gente vai falar sobre um acontecimento histórico e profundamente simbólico. Pela primeira vez na América Latina, uma Torá, livro sagrado do judaísmo, foi escrita inteiramente por uma mulher.

    Mais do que um feito religioso, essa Torá representa um gesto de inclusão e de transformação. Nessa conversa, a gente vai mergulhar no significado desse processo, que levou sete anos, e nas reflexões que ele desperta sobre tradição, espiritualidade e igualdade. Sua autora é a nossa convidada hoje, a Rachel Reichhardt é soferet, estudiosa formada em educação judaica pela Universidade Hebraica de Jerusalém. Também convidamos o rabino Adrián Gottfried, formado pelo Seminário Rabínico Latino-Americano, em Buenos Aires, mestre em Estudos Judaicos, pelo Jewish Theological Seminary of America, de Nova York, e rabino da Comunidade Shalom em São Paulo.

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    41 m
  • #348 Israel em travessia
    Nov 12 2025

    O cinema tem essa capacidade de revelar o que muitas vezes fica escondido nos gestos discretos, nos silêncios, nas contradições que moldam o cotidiano. A IV Mostra de Cinema Israelense deste ano se dedica exatamente a isso: olhar para trajetos, fronteiras e memórias que atravessam vidas comuns, mas que raramente ocupam o centro das narrativas oficiais. Ao invés de buscar explicações ou soluções, esses filmes se aproximam das fissuras, dos afetos ambíguos, das tensões morais e dos desejos que coexistem com feridas antigas.

    De 10 a 19 de novembro, acontece a IV Mostra de Cinema Israelense – Trajetos, Fronteiras e Ecos da Memória, uma mostra gratuita e online. A seleção deste ano se afasta das narrativas mais previsíveis sobre identidade ou diversidade em Israel e escolhe outro caminho: observar a intimidade de personagens que lidam com traumas, deslocamentos, relações familiares fragmentadas, fronteiras internas e externas. Para entender esse olhar e o que ele diz sobre Israel contemporâneo, a gente recebe hoje o curador da mostra, Bruno Szlak, que é Mestre e Doutor pela área de Estudos Judaicos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

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    33 m
  • #347 Nós lembramos?
    Nov 5 2025

    Lembrar é mais do que registrar o que aconteceu, é decidir o que permanece. A memória, tanto individual quanto coletiva, é uma construção, feita de escolhas, silêncios e repetições. Nem tudo o que vivemos vira lembrança, e nem toda lembrança vem para nos confortar. Às vezes, lembrar é uma forma de resistência. Outras vezes, é a única maneira de reconstruir sentido depois do horror. Mas o que significa lembrar quando o tempo passa, as testemunhas desaparecem e o esquecimento parece inevitável.

    Em tempos de excesso de informação, em que tudo é registrado, arquivado e compartilhado, lembrar parece mais fácil do que nunca, mas, paradoxalmente, também mais superficial. Ao mesmo tempo, vemos a disputa por narrativas se intensificar: o que é lembrado, o que é esquecido, e por quem? O Holocausto, o genocídio de Ruanda, as ditaduras latino-americanas e tantas outras tragédias nos mostram que a memória não é um arquivo estático, e sim um campo de batalha simbólico. Pra pensar sobre isso, sobre o valor do testemunho, os processos de reparação e o desafio de ensinar a lembrar, a gente conversa hoje com Carlos Reiss, Coordenador-Geral do Museu do Holocausto de Curitiba, que há mais de uma década atua na construção de espaços de memória, educação e diálogo sobre o passado e suas reverberações no presente.

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    43 m