Alemães criticam Merz por não proteger exportações em meio à ofensiva tarifária de Trump Podcast Por  arte de portada

Alemães criticam Merz por não proteger exportações em meio à ofensiva tarifária de Trump

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A Alemanha deve ser a economia da União Europeia mais impactada pelo aumento tarifário de 15% em vigor desde 7 de agosto nas exportações para os Estados Unidos. Os setores mais afetados serão as indústrias automotiva, farmacêutica e de máquinas industriais. Às vésperas de completar 100 dias no governo, na próxima quinta-feira, o chanceler alemão, Friedrich Merz, enfrenta uma forte queda de popularidade por não estar defendendo com sucesso os interesses dos alemães, segundo pesquisas de opinião. Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim Além de ser o terceiro maior exportador mundial, atrás da China e dos Estados Unidos, a Alemanha é, de longe, o país europeu que mais exporta para os Estados Unidos. Essa redução do PIB de cerca de 0,2% que os economistas preveem por causa do tarifaço pode prejudicar bastante a economia alemã, que vivenciou dois anos consecutivos de recessão — o PIB contraiu 0,3% em 2023 e 0,2% em 2024. Além disso, embora os alemães tenham iniciado o primeiro trimestre com um crescimento de 0,4% do PIB, este contraiu 0,1% no segundo trimestre, levando os especialistas a prever um terceiro ano de recessão. Efeitos já são sentidos Segundo uma pesquisa da Câmara Alemã de Indústria e Comércio, três em cada quatro empresas alemãs já estão experimentando os efeitos do conflito comercial com os Estados Unidos. No caso daquelas companhias com vínculos estreitos com os Estados Unidos, o impacto alcança 90%, de acordo com a sondagem. Para 80% das empresas que se dizem impactadas, o principal fator é a incerteza que a situação provoca, especialmente o medo de que Washington possa impor novas tarifas no futuro. Além disso, 72% das companhias acreditam que a tarifa básica de 15% imposta pelos EUA representa um ônus significativo para suas operações. Enquanto isso, 58% das empresas alemãs preveem que esse acordo tarifário terá efeitos adversos, enquanto apenas 5% acreditam que ele poderá trazer algum benefício. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente americano, Donald Trump, chegaram a um acordo comercial que prevê a imposição de uma tarifa de 15% sobre produtos da UE, mas mantém, por enquanto, a taxa de 50% sobre aço e alumínio. Indústrias automotiva e farmacêutica Tudo indica que os danos tarifários de Trump à Alemanha se concentrarão principalmente em dois setores: as indústrias automotiva e farmacêutica. A indústria automotiva exporta e produz muito nos EUA, por isso é mais afetada do que outras indústrias. O setor representa quase 5% do PIB alemão e gera cerca de 780 mil empregos diretos. De acordo com cálculos da Associação Alemã da Indústria Automotiva (VDA), a tarifa de 15% custará bilhões de euros por ano às empresas do ramo. E as montadoras já vêm enfrentando dificuldades, provocadas, entre outras coisas, pelo desaquecimento da demanta no mercado chinês. Só no ano passado, a indústria automotiva alemã perdeu cerca de 19 mil postos de trabalho e mais demissões já foram anunciadas. No que se refere ao setor farmacêutico, a Associação Alemã de Empresas Farmacêuticas de Pesquisa (VFA) descreveu o acordo entre Trump e Von der Leyen como "um retrocesso significativo para a saúde global e para a Europa como centro de inovação". Por 30 anos, os produtos farmacêuticos desfrutaram de isenção de tarifas, uma situação que, se for encerrada, prejudicará um setor econômico estimado em quase 1% do PIB da Alemanha e do qual dependem cerca de 133 mil empregos diretos. Um estudo recente da consultoria Deloitte afirma que as exportações de máquinas para os EUA também estarão entre as mais afetadas, juntamente com as do ramo farmacêutico. Para os exportadores de máquinas, a Deloitte estimou perdas de 7,2 bilhões de euros a médio prazo e avaliou os prejuízos para o setor farmacêutico em 5,1 bilhões de euros. Incerteza econômica frustra alemães O clima de incerteza vem impactando bastante o eleitorado alemão. Em uma pesquisa publicada há poucos dias, apenas 35% dos entrevistados acreditam que o chanceler alemão Friedrich Merz está promovendo com sucesso os interesses alemães internacionalmente e dentro da UE. Especialmente porque as preocupações com a economia alemã permanecem altas. Conforme a sondagem, 65% se dizem o preocupados com a possibilidade de o tarifaço americano prejudicar a economia alemã. As coisas não estão indo bem para Friedrich Merz, que ao completar agora 100 dias no governo enfrenta uma forte queda de popularidade. Segundo as últimas pesquisas só 30% estão satisfeitos com o trabalho do governo alemão – dez pontos a menos que no mês anterior. Atualmente, cerca de 70% estão insatisfeitos.
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