Nesse ep tem duas poesias que abordam o mesmo contexto. uma tá aqui, a outra vai sair no ig @emvidapoesia

O que me revolta

O que me revolta é que a história não muda

O que muda são os episódios e os nomes das vidas perdidas

E a cor da pele, preta, essa não muda. O alvo é sempre o mesmo.

É que a gente escreve, fala, posta, se indigna

Mas enquanto não houver uma revolta de fato

Isso não muda. Muitos falam que vai mudar pela politica

Mas será que vai dar tempo

ou a maioria já vai estar morta?

É que quando se trata de nós, tudo funciona mais lento

O que funciona rápido é o dedo no gatilho

Sendo pressionado contra outro corpo preto

Que tem sua vida tirada e é posto como criminal

No rg só 13 anos, mais uma morte, mais uma mentira

Para apagar o apagamento que fazem nas favelas

E nas operações policias, que basta ser preto pra morrer

Não importa a idade, não importa se tá sem nada ou com um guarda chuva

Sempre te enxergam como o pior, se não te enxergam, te botam

Eles são os certos, o sistema é uma bosta

E nada se comprova e a vida que não volta

O que resta é a indignação da família e de quem também sente

A dor de ver todo dia, a morte de alguém pela sua cor

Sem o mínimo pudor, de matar crianças e adolescentes

Os policiais continuam impunes, podendo matar livremente

Me lembram a rota 666 implantada pra matar e ser cruel

Com total liberdade, apoiada por um sistema que os protege

Que lhe dão a liberdade que eles tanto querem

Continuar a nos matar e quando não matam, ferem.

Um episódio para elas!

A arte e tudo que se atrela nessa vida, na vida de um artista

ep 03 - @emvidapoesia @arteyasmim

Como posso não viver da arte

Se do momento em que nasci

E me descobri como ser

Ela já estava lá, entranhada

Encarnada no meu ser.

Quando me percebi

Percebi a arte pedindo pra sair

Só de pensar, as palavras me tomam

E tomam forma, sem eu nem querer.

É natural, é de mim, sou eu

E é arte me usando de instrumento

Pra sair pro mundo, se tornar o que é

Tocar quem gosta de arte

E quem é arte também.

Como posso não viver da arte

Se quando penso em uma palavra

Já vem centenas, uma atrás da outra

Quase em um atropelo

Mas sempre com a serenidade

Da liberdade constante

A arte sendo ela, tão facilmente.

Como posso não viver da arte

Se quando canto, eu a música somos uma só.

Na dança, a mesma coisa

A música me conduz e meu corpo só vai

Em cabal sintonia, seguindo cada batida

Cada instrumental que me guia

Em uma dança não guiada, liberta.

Como posso não viver da arte

Se a arte me tomou pra si e me escolheu

Pra ser mais uma artista

Onde artistas não valem quase nada

Mas a arte já me basta

É um dos combustíveis da vida

É o que me faz viver todo dia.

E a cada dia que a minha arte chega a alguém

Ganho mais dias, pra viver da arte

Onde minhas palavras sejam elas escritas ou cantadas

Cheguem ao coração de alguém

Tocando da forma que alguém jamais tocou

No mais singelo sentimento

De se reconhecer na história do outro

Com a arte sendo vida e dando vida aos artistas.